Antes de um mau Benfica, um bom Vitória Setúbal.

Consciente, realista, racional e organizado, como já várias vezes o mostrou ao longo da temporada. Mérito óbvio de José Couceiro, e imagem de marca do treinador.

Este bom Vitória é já sexto classificado, o que tendo em conta as condicionantes existentes à beira Sado deve ser obviamente valorizado. O que tem feito frente aos grandes nas várias competições, do qual este triunfo frente ao Benfica é apenas o último exemplo, sublinha ainda mais o valor do percurso.

O Benfica somou o segundo desaire consecutivo, tendo sido afastado da final da Taça da Liga pelo Moreirense – arrasador para a defesa aquele início de segunda parte – e deixando agora escapar três pontos dos quatro que tinha de vantagem na Liga para o FC Porto. Se desta vez já teve Fejsa e Mitroglou, a defesa continua a facilitar seja com Luisão, Lindelof, Lisandro ou Jardel no eixo – são nove golos sofridos em cinco jogos –, faltou agora Rui Vitória castigado – e por culpa própria – e continua a estar demasiado dependente de um Pizzi a aparentar enorme desgaste.

Os encarnados entraram numa segunda espiral de falta de confiança, depois de terem interrompido a primeira com o triunfo no dérbi com o Sporting. Uma mini-crise que tem lá pelo meio um empate a três golos com o Boavista, e dois triunfos com sintomas estranhos, frente a Leixões e Tondela.

Os três candidatos já tiveram as suas crises, umas maiores do que outras – o Sporting com quatro derrotas em três jogos entre Legia e Sp. Braga; o FC Porto com seis empates em sete partidas, desde o Bonfim à receção ao Belenenses na Taça da Liga – e parece calhar agora a vez ao campeão ter de lidar com os seus próprios dilemas. Terá três jogos em casa, contando com o Dortmund, para voltar a entrar nos eixos, e depois a visita a Braga.

O problema do desaire no Bonfim, na véspera de um clássico entre os rivais, é precisamente a mensagem que lhes passa. Uma mensagem de fragilidade, com muitos jogos a cumprir ainda até final da temporada. Aos futuros adversários, sublinha ainda mais uma questão: foi até agora incapaz de virar um resultado adverso, o que pode moralizá-los ainda mais para o que aí vem.

Parece óbvio depois dos últimos resultados que não é só por Pizzi, ou só por Fejsa. Ou Luisão, Mitroglou ou até mesmo alguma soberba em certos momentos, que terá nascido depois do que já conseguiu mostrar em alguns jogos.

Todos se lembram de Guimarães, e também essas exibições não foram por acaso.

Tal como os rivais a certa altura, a equipa de Rui Vitória fica a dever a si mesma uma vitória consistente e o mais depressa possível. Depois de parecer ter a época muito bem encaminhada, os encarnados têm agora uma espiral a que escapar.