A Liga só regressa daqui por 15 dias e após dez jornadas é tempo para um primeiro balanço. Nada está certo e ainda faltam muitas jornadas, a Liga tem sido bem disputada. São várias equipas a demonstrar qualidade e a discutir cada jogo com confiança e ambição. Ficamos todos a ganhar com este tipo de abordagens. 



Desde logo o Vitória de Guimarães, já aqui elogiado. Continua a surpreender e demonstrar qualidade. O jogo da passada sexta-feira é sintomático do bom momento que atravessa e da capacidade que demonstra para reagir. A perder aos 75 minutos, os minhotos souberam dar a volta ao jogo e vencer. A ambição, o querer, o acreditar e não desistir são palavras usadas por Rui Vitória e aceites pela equipa. A forma como funcionam é uma ideia clara de equipa. O segundo lugar é um prémio merecido para o que têm feito.



E o que dizer deste surpreendente Belenenses?



Com mérito assume o quarto lugar. Não sei o que vai acontecer daqui para a frente, mas a forma corajosa e desinibida como joga e enfrenta os adversários revela confiança e boa mentalidade. Lito Vidigal chegou para os últimos sete jogos do ano passado e conseguiu a manutenção. Este ano deu sequência e o que se passa tem muito a ver com ele.



Em Braga, Sérgio Conceição chegou com vontade de vencer. A equipa tem vindo a crescer e a mostrar-se forte e competitiva. A forma como se bate em cada jogo, indica-nos que quer voltar aos lugares europeus.



Paulo Fonseca regressou a Paços de Ferreira e voltamos a ver uma equipa personalizada, a jogar bem e a demonstrar que sabe o que faz e o que é preciso para ter resultados. A exibição em Alvalade, a par de várias neste inicio de época, exibiu isso mesmo. Qualidade e confiança são reveladas por uma equipa que não vai passar os sobressaltos do ano passado. Isto é trabalho de Paulo Fonseca. Veremos até onde é capaz de levar os seus jogadores. 



O Rio Ave começou mais cedo a época. A presença na Europa assim o obrigava e Pedro Martins preparou bem a equipa. Sem bons resultados na Europa e apesar de ter mais oito jogos do que a maioria das equipas, não tem vacilado e mostra-se competitivo em todas as partidas. Encostado aos lugares europeus não parece querer deixar essa posição. A vitória expressiva desta segunda-feira, frente à Académica, prova isso mesmo.




Miguel Leal é outro dos nomes que merecem destaque. O trabalho o ano passado na subida com o Penafiel não foi por acaso. A chegada esta época ao Moreirense trouxe a mesma qualidade e organização. Acredito que a tranquilidade manter-se-á ao longo da Liga. 



Jorge Jesus vai para a sexta época e partiu a defender o título. O Benfica lidera e apesar de ter menos qualidade do que no ano passado vai ultrapassando os obstáculos. Ninguém marca como ele. No FC Porto, Julen Lopetegui chegou com uma ideia e uma nova forma de estar. Com muita qualidade individual, a equipa tem revelado ainda alguma intermitência. Os quatro empates são consequência disso, apesar de ser a única equipa invicta e ter a melhor defesa, com cinco golos sofridos. Mas não se encontra no lugar desejado.



Três notas finais.



Uma para o Sporting, que se encontra aquém do desejado. Marco Silva sabia o desafio que tinha pela frente, acrescido com o elevar da fasquia. A equipa tem vindo a assimilar o que pretende, mas revela alguma inconstância e por vezes incapacidade para resolver os jogos. Os pontos perdidos são reveladores disso mesmo e a necessidade de ser eficaz é determinante. A diferença pontual traz intranquilidade e aumenta a pressão, como referiu Marco Silva. Com tantos pontos por disputar, importa vencer e começar a recuperação para subir na tabela.



Os dois últimos classificados enfrentam vários problemas. O Penafiel, com uma equipa muito à base do ano passado, tem sentido muitas dificuldades no regresso à Liga principal. Ricardo Shéu, que era o treinador mais jovem, saiu à 5ª jornada. Rui Quinta entrou e uma vitória e um empate foram logo conseguidos. Resultou no imediato mas os jogos sucederam-se e os pontos são os mesmos. O presidente anuncia mexidas na equipa, veremos os resultados



O Gil Vicente está com três pontos, no último lugar. João de Deus saiu e José Mota chegou. Pouco mudou e alterações visíveis não aconteceram. A equipa não sabe o que é vencer e importa não deixar de acreditar para conseguir inverter este ciclo negativo. A paragem só pode ser benéfica para estas equipas e é assim que tem de ser encarada por todos. Recuperar a confiança, melhorar e começar a somar pontos é obrigatório. Têm a palavra e a acção Rui Quinta e José Mota.



Falando de jogadores, são vários em destaque até ao momento.



Talisca, com os seus 20 anos e os 8 golos, tem sido importante no Benfica. O seu espaço no campo tem variado, mas sente-se confortável numa posição mais ofensiva, onde tenha bola e liberdade para se movimentar e aparecer para finalizar. É aí que tem sido decisivo.



Brahimi tem sido o maior neste FC Porto. Tem classe, capacidade para desequilibrar e golo.



Nani trouxe qualidade e experiência ao Sporting. Recuperou a confiança e a alegria de jogar e a equipa beneficia com isso.



André André tem sido a referência deste Vitória de Guimarães. Com dez jornadas disputadas, Rui Vitória não prescinde dele e conta com todos os minutos jogados e com bom rendimento. Os quatro golos marcados ainda o valorizam mais.



Deyverson é o jogador de quem se fala em Belém. O jovem avançado fez 891 minutos de um total de 900 nas dez jornadas realizadas. Os sete golos que marcou (47 por cento do total da equipa!) completam o quadro e revelam a importância que tem tido na equipa do Belenenses.



No artigo de 20 de Agosto referi alguns jovens para seguir com atenção e ver de que forma evoluíam. Vou continuar a acompanhar a sua evolução e a dar nota do seu crescimento.