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O jogo dos Barreiros

Antes da Madeira, o Benfica perdeu SALVIO e MARKOVIC por lesão. Jesus mudou o esquema - e não o mudaria, acredito, se tivesse o argentino -, apostando em Amorim, que tinha feito pré-época razoável. PÉREZ, que chegou em 2011/12 para ocupar o lugar de Toto na direita - seria adaptado no ano passado, porque não havia Witsel - entraria pelo flanco, fazendo dupla com Maxi.

Não sou dos que criticam aqui. Enzo ajudou a defender, tornando o meio-campo mais forte a recuperar bolas. Apenas nunca foi Salvio. E esse «nunca» estende-se por meses a fio até 2011. O argentino manteria sempre o processo defensivo mais equilibrado, do que com Ola John no onze, por exemplo. Como ponto de partida, não parece errado. Estará ali a génese de um plano B, que já tinha sido desenhado, por alguns minutos, em Nápoles.

Se Cortez é discutível, e por muitos que os adeptos se entusiasmem com correrias é preciso reconhecer que o posicionamento deixa muito a desejar - também é verdade que o brasileiro conseguiu evoluir, passou de não fazer um corte a uma leitura mais inteligente, com menos erros por partida -, a grande desilusão do Funchal foi mesmo DJURICIC.

AMORIM saiu ao intervalo porque a equipa estava a perder e tinha cartão amarelo, mas a inexistência do sérvio foi gritante. E isto leva à leitura: será mesmo que o ex-Heerenveen é mesmo o tal 9,5 em que Jesus acredita?

Todas as leituras são subjectivas, mas o Djuricic parece mais perto de Rui Costa do que até Aimar, se estabelecermos uma linha horizontal imaginária à nossa frente. E muito longe de Saviola. Não é o transportador, mas o organizador. Não leva a bola em velocidade (esse pode ser Markovic), mas estabelece os ritmos, os momentos dos ataques. Ali, perto de Lima ou de quem quer que seja, não tem tempo para isso. Nem espaço, o que torna toda a situação um desperdício.

Naturalmente, surge novamente o «fantasma». Porque o Benfica esteve 45 minutos, pelo menos, sem rematar à baliza. O treinador pactuou com a situação Cardozo ao não exigir o regresso ou a substituição do paraguaio em tempo útil. Não resolveu o caso, nem podia, mas aceitou as condições que lhe foram impostas. Não se pôs em nenhum dos lados: o da reintegração ou da expulsão. E podia ter contribuído, pelo menos, para o primeiro cenário, tentando sarar eventuais feridas no balneário.

Funes Mori quer dizer que Cardozo sai? Ninguém sabe bem se é para jogar ou ir entrando, e ninguém o deve explicar. Talvez Jesus, na próxima conferência, se o entender.

Os que ficaram (até ver)

GARAY, MATIC, GAITÁN e SALVIO (e Cardozo, o omnipresente) ainda podem sair. As dúvidas só acabarão quando se fecharem todas as portas, de todos os mercados, e não houver volta a dar. De todos estes nomes, os que motivam maiores preocupações são os dos dois primeiros, mas por motivos diferentes. Os encarnados colocaram o central argentino fora da Luz, com o rótulo «vendido» ainda antes da temporada acabar. E contrataram três centrais. O ex-Real Madrid há muito tempo que não é o mesmo, e tem contribuído também para a instabilidade da defesa encarnada. É verdade que chegou depois na pré-época, mas os indícios deixados na Madeira dão conta de trabalho a realizar com um dos melhores jogadores na sua posição em Portugal. Já o nome de Matic surge pela ausência de cobertura. O sérvio é o jogador mais importante da equipa (a par de Salvio, mas aí o Benfica protegeu-se) e abanará certamente as estruturas da equipa se abandonar o clube.

O Benfica pré-Estoril - e que propagaria o mau momento por Dragão, Amesterdão e Jamor - não está tão distante assim. Há um Cardozo e alguns índices de confiança e intensidade (defensiva, sobretudo) de diferença, mas acrescentou-se irreverência e talento sérvio. O que é preciso não esquecer é que os problemas também são os mesmos.