A cabeça de lista do BE às europeias alertou esta quarta-feira para o impacto negativo da austeridade no combate à diabetes em Portugal, prevendo-se a quase duplicação de casos na próxima década e a má alimentação é uma das causas.

Marisa Matias falava aos jornalistas no final de uma visita à Associação Protetora dos Diabéticos em Portugal, onde recordou que «a principal causa de morte no país são as doenças cardiovasculares», sendo a principal causa destas a diabetes.

«Estamos a falar de uma situação em que se prevê a quase duplicação do número de casos de diabetes em Portugal nos próximos dez anos porque já havia um crescimento gradual e com a crise ele está a agravar-se porque as pessoas estão infelizmente a comer muito pior, não têm dinheiro», alertou.

Segundo explicou a eurodeputada recandidata - que foi coautora da primeira resolução alguma vez aprovada no Parlamento Europeu sobre diabetes - os alimentos que as pessoas «com menos recursos podem comer são os mais ricos em gordura e que se transformam depois em níveis elevados de glicemia».

«São pessoas que quando chegam aqui já estão em níveis muito avançados quando poderiam nem sequer contrair a doença», advertiu.

Para Marisa Matias é óbvio que «não se vai conseguir reduzir nunca a prevalência de diabetes em Portugal se se continuar com um paradigma curativo», sem se apostar na prevenção e a na educação para a saúde.

«Se continuarmos com a política que temos atualmente - que procura cuidar dos efeitos sem muito sucesso porque são 10% do orçamento do Serviço Nacional de Saúde que são dedicados à questão da diabetes e das suas consequências - o futuro não será nada risonho», alertou.

Usando uma expressão utilizada pelo diretor do Programa Nacional para a Diabetes, a primeira candidata do BE ao Parlamento Europeu nas eleições do próximo domingo defendeu que a saúde tem que «sair das suas tamancas» e «apostar na formação, da educação, nos recursos humanos, numa capacidade de educação para alimentação e para o exercício físico», o que pode «prevenir 60% dos casos de risco, logo reduzir muito a prevalência».