Danny Silva, português de 31 anos, conseguiu os mínimos para a participação Nos Jogos Olímpicos de Inverno de Turim 2006 na disciplina de esqui de fundo (15 quilómetros).
Este professor de línguas nascido nos Estados Unidos alcançou nos Campeonatos do Mundo em Oberstdorf, Alemanha, há pouco mais de duas semanas, os mínimos olímpicos exigidos para a competição de esqui de fundo. Neste momento tenta cumprir todas as formalidades burocráticas para se tornar num atleta olímpico.
Apenas um mês antes dos Campeonatos do Mundo teve o apoio de um docente da Escola Superior de Desporto de Rio Maior (ESDRM). Até aí programava os seus treinos sozinho. Praticava triatlo (natação, atletismo e ciclismo), esqui no asfalto e nos areais do Tejo ou de uma praia.
No entanto, a sua forma de treinar é «bizarra». Em Almeirim, concelho onde reside, já ninguém estranha ao vê-lo percorrer quilómetros de alcatrão em cima de uns esquis dotados de rodas. A falta de neve em Portugal fez com que Danny equipasse os seus esquis com rodas para, todos os dias, poder praticar.
Nos Mundiais ficou conhecido como o «one man show». «Era técnico, praticante, representante nas reuniões da organização», declarou à agência Lusa.
Apesar das dificuldades conseguiu o acesso ao sonho que segue desde menino e ainda hoje alimenta. A sua determinação foi reconhecida pelas 20.000 pessoas que assistiram às provas. Recorda que gritavam o seu nome «como faziam com os campeões».
A Federação Portuguesa de Esqui disponibilizou-se a pagar a sua estada durante os Campeonatos do Mundo o que, para Danny, é «uma ajuda». Mas o material necessário e os estágios em neve que constam do programa que elaborou com o seu preparador, Hugo Louro (ESDRM), exige um patrocínio que o português ainda não encontrou.
Para tal, está disposto a vender, se for necessário, tudo o que tem. Tudo com o apoio essencial da esposa. E com ela iniciou os seus treinos em «roller-ski», algo bizarro para quem o via deslizar pelo alcatrão, procurando transformar, sempre que possível, as férias escolares, em idas à neve.
As suas condições tão adversas não o impedem de alcançar os seus objectivos. Conclui dizendo que o que pretende «transmitir é que, quando alguém tiver um sonho, possível ou impossível, não desista».