Com Sérgio Conceição ao comando, um novo FC Porto ganha forma.
Era expectável isso mesmo aquando da mudança de treinador e as duas primeiras semanas de pré-época já cumpridas confirmam cada vez mais uma versão profundamente revista e atualizada do dragão.
Primeira e mais evidente mudança, o sistema: os primeiros dias de trabalho colocam o 4-4-2 como desenho tático preferido do novo treinador. Uma mudança substancial para o FC Porto que se manteve fiel ao 4-3-3 ou às suas variações ao longo dos últimos anos.
O pressing constante sobre a primeira fase de construção do adversário e um ênfase maior pelo remate de fora da área (uma das grandes pechas da época passada), são outras características que saltam à vista nesta nova versão azul e branca.
No mercado a grande novidade é a mudança de paradigma. «A grande contratação é a base da época passada», disse Conceição, que tem como principais novidades os regressados de empréstimo e, até ao momento, apenas uma contratação, Vaná, que chega para dar ainda mais competitividade à baliza.
Para preservar há, acima de tudo, dois intocáveis: Danilo e Brahimi são para manter a todo o custo, aliás, só saem pelas cláusulas de rescisão.
Porém, antes de tudo, o treino: trabalho intenso com níveis de fadiga dos atletas no limite e duas a três sessões diárias. A primeira, às 7h30 a última às 17h, o que faz com que o grupo passe boa parte do tempo no centro de estágios, onde o uso de telemóvel é restrito, balança para controlar o peso dos atletas e castigos e recompensas mediante as prestações nos treinos.
Em campo, as mudanças fazem a diferença. Como foi possível observar no primeiro teste a sério dos dragões, na curta digressão ao México, que o Maisfutebol analisa setor a setor.
Guarda-redes: competitividade para Casillas
Casillas desfez uma das grandes dúvidas do defeso e afinal fica no plantel. Porém, Conceição quer concorrência ao guarda-redes espanhol e Vaná veio do Feirense para acirrar a disputa pela baliza, que conta ainda com José Sá, João Costa e ainda com Fabiano, que recupera de lesão.
Defesa: Ricardo parte à frente de Maxi
Se há uma primeira ilação a tirar sobre o setor defensivo é de que Ricardo Pereira parece partir na frente na luta com Maxi Pereira pelo lugar de lateral-direito, como se verificou no jogo diante do Cruz Azul. Felipe, Marcano e Alex Telles parecem destinados à titularidade num setor em que a continuidade de Martins Indi e Reyes como alternativas para o eixo são uma das principais indefinições. Rafa surge como alternativa válida no lado esquerdo da defesa.
Meio-campo: Danilo e Óliver ao meio
Uma linha de quatro ou um pivot defensivo atrás de uma linha de três. Seja qual for a opção, se Conceição apostar em definitivo no 4-4-2 Danilo tem um lugar preponderante neste FC Porto e terá a seu lado (ou ligeiramente à frente) Óliver Torres, como médio de transição. Para substituir o internacional português, há o nigeriano Mikel, regressado de empréstimo ao V. Setúbal, e terá sido esse entendimento de um trinco com funções de tampão, capaz de varrer o meio-campo, que terá facilitado a saída de Rúben Neves.
Nas alas, Corona e Brahimi podem desdobrar o 4-4-2 num 4-2-4, porém, estarão obrigados a missões defensivas. Aliás, numa alternativa a um sistema mais conservador, Conceição testou Layún no lado direito do meio-campo, provando que a polivalência do mexicano pode muito bem servir para lá das laterais defensivas.
Ataque: dois homens no eixo
Remate pronto e pressão alta na primeira fase de construção dos adversários são objetivos para Sérgio Conceição, que nos treinos exige compromisso máximo a defender também por parte dos homens mais adiantados.
Ao que tudo indica, a frente de ataque terá dois homens, com uma ligeira variação. Se na goleada (4-0) no jogo-treino com o Rio Ave Tiquinho Soares e Aboubakar fizeram parelha na frente de ataque, no nulo frente ao Cruz Azul (3-2 em g.p.), no primeiro de dois jogos no México, Otávio fez de segundo avançado ligeiramente atrás do brasileiro, com o camaronês a entrar no segundo tempo para fazer dupla com Galeno. Rui Pedro e Marega, os únicos atletas que ainda não integraram o plantel principal, serão opções, mas o FC Porto poderá ainda procurar alternativas no mercado para a missão de marcar golos.
