Uma reação explosiva. André Villas-Boas atirou-se àqueles que criticaram o Tottenham por causa da situação de Hugo Lloris no jogo com o Everton. O guarda-redes francês foi atingido por Romelu Lukaku. O belga também não escapou nas palavras do técnico português. Villas-Boas defendeu a decisão do clube de manter Lloris em campo, mesmo que o francês parecesse desorientado.

AVB considerou que os Spurs não agiram mal e acusou «pessoas incompetentes» de quererem atenção. Para além disso, lembrou que o médico Shabaaz Mughal e o fisioterapeuta Geoff Scott foram «as mesmas pessoas que há dois anos salvaram a vida de Fabrice Muamba», jogador do Bolton.

O sindicato inglês dos futebolistas, a união internacional de jogadores profissionais e o diretor médico da FIFA criticaram veementemente a decisão da equipa de Villas-Boas de não substituir Lloris. Brad Friedel ainda esteve na lateral, para entrar, mas o guarda-redes francês fez o jogo até ao fim.

«Mantenho absolutamente a decisão que tomei e a decisão que o departamento médico tomou depois de fazer testes ao jogador, todos eles como mandam as regras», começou por dizer Villas-Boas, na conferência de imprensa de antevisão da partida da Liga Europa, com o Sheriff.

«Apoio as decisões que nos deram luz verde para o jogador continuar, não tenho nada mais a dizer sobre essa matéria. Mas registo o facto de algumas pessoas terem aproveitado a oportunidade para se publicitarem, pessoas que não têm qualquer experiência no campo neste tipo de casos», atirou o treinador português.

Villas-Boas defendeu depois médico e fisioterapeuta, «duas pessoas e um departamento médico que há dois anos salvaram a vida de um jogador em campo, o que foi completamente esquecido, para além de terem sido maltratadas e pouco respeitadas por muitos opinadores».

O técnico continuou: «O que é de facto uma desilusão é que duas pessoas, um grande médico e um grande fisioterapeuta que salvaram a vida de Fabrice Muamba, foram colocadas em causa por muita gente incompetente e que não têm experiência de campo, na ação, no momento. É sério e dececionante.»

Lloris foi examinado depois do jogo e não foram encontradas quaisquer lesões no guarda-redes francês. Ainda assim, houve vários comentários sobre a «leveza» com o que uma lesão na cabeça é tratada no futebol, ao contrário de outras modalidades.

Villas-Boas prosseguiu na argumentação: «O meu departamento médico seguiu as linhas orientadoras da Premier League para este tipo de situações, é a única coisa que vos posso dizer. Obviamente, o caso não é comparável à NFL [futebol americano], a situações de râguebi ou mesmo à de Petr Cech [guarda-redes do Chelsea que joga com uma proteção após um choque com um adversário]. Fico espantado por colocarem este caso no mesmo patamar que outras do passado.»

O treinador português fez, também ele, um caso acerca de Romelu Lukaku. Villas-Boas considerou «notável» o facto de o gesto do belga não ter sido questionado: «Quero acreditar que ele não deixou a perna para atingir o Lloris. Mas acho extraordinário que ao longo de toda a controvérsia gerada pelo incidente, ninguém se tenha dedicado a perceber se ele podia ou não ter evitado o guarda-redes. Para além disso, estou dececionado pelo facto de Lukaku não ter contactado Hugo Lloris.»

Villas-Boas foi treinador do belga no Chelsea, considera-o um «futebolista fantástico» cuja integridade «não está em causa, assim como o lado humano». AVB recordou que abraçou o avançado cedido pelo Chelsea ao Everton e que tem «o máximo de respeito» por Lukaku. «Como creio que ele tem por mim. Mas, no meio de toda excitação negativa, acho surpreendente que não se tivesse gasto tempo a estudar o incidente. Ele é um jogador jovem, tem muito talento, mas acho que ele podia ter saltado por cima do guarda-redes», concluiu Villas-Boas.