* por Sofia Santos Amaral

No encontro entre o Valadares e o Aliados Lordelo, a contar para a Divisão de Elite da A. F. Porto, o treinador Juvenal Brandão da equipa visitante foi expulso minutos antes do fim, por alegado ato racista.
O jovem técnico, em declarações ao Maisfutebol, defende-se e explica o caso.

«Estávamos a 15minutos do fim, a vencer por 2-0, tinha acabado de lançar um jogador que não está rotinado na posição. Ele é central e tive de o colocar a lateral direito. Estava a tentar corrigir o posicionamento dele e disse: ‘Hugo, não subas, junta-te ao Preto e fica’», começa por referir.

«O árbitro assistente achou que me estava a referir ao avançado do Valadares que é de raça negra, mas estava a falar do meu jogador que se chama, de facto, Preto».

O árbitro assistente advertiu o treinador, quando este nem percebia o que se passava.

«No início não percebi nada, mas o assistente disse-me: ‘Não volte a repetir esse nome. Não diga mais preto’. Aí é que percebi tudo, porque o avançado do Valadares é de raça negra».

Jorge Ricardo Barbosa Pereira: ele é o Preto

Na verdade, Jorge Ricardo Barbosa Pereira, do Aliados, é mais conhecido no futebol como Ricardo Preto, e é esse o nome que aparece nas fichas de jogo.

Juvenal Brandão tentou explicar a situação mas acabou por ser expulso pelo árbitro da partida: «Na altura em que estava a explicar tudo, o árbitro veio na minha direção e expulsou-me».

Apesar de toda a confusão, no final do encontro a equipa de arbitragem aceitou reunir-se com o treinador para esclarecerem o que tinha acontecido.

«Na presença dos delegados falei com os árbitros e expliquei que o nome do meu jogador era mesmo Preto. O árbitro percebeu que pode ter havido alguma precipitação, mas justificou a expulsão por eu estar fora da área técnica»
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«Do lado do Valadares toda a gente percebeu que foi um mal-entendido. Ficou tudo esclarecido», afirma Juvenal Brandão.

O treinador acrescenta que o Aliados deu entrada com uma exposição do caso mas que continua a aguardar por uma decisão do Conselho de Disciplina da AF Porto: «Normalmente o Conselho penaliza os treinadores expulsos com um mês de suspensão, ou seja, quatro jogos. Saber que posso levar este castigo é um absurdo».

«Gostei que o árbitro me tivesse ouvido no final»

Juvenal considera injusta a decisão da arbitragem mas realça o facto de o receberem para esclarecimentos: «O árbitro fez um jogo fantástico, precipitou-se mas compreendo-o. Gostei que me tivesse ouvido no final».

«Só não quero ser penalizado. É muito injusto», concluiu o técnico que chegou ao Aliados esta época, depois de ter concretizado a subida do Alfenense.

Juvenal Brandão começou a dar cartas no mundo do futebol no Paços de Ferreira onde fazia parte do departamento de formação na época 2005/06.

Seguiu para o Freamunde onde se estreou como treinador principal nos juniores com apenas 21 anos e acumulou com o cargo de Coordenador Técnico. Permaneceu no clube até 2007/08.

Regressou a Paços na temporada 2008/09 para ser treinador da equipa de juvenis. Em 2009/10 tornou-se coordenador técnico da equipa. Finalmente, chegou ao Alfenense em 2010/11, ficando na equipa até 2013/14.
Este ano juntou-se ao Aliados de Lordelo com o objetivo de conseguir a manutenção.