Galo de crista bem levantada e look europeu em Vila do Conde. Sólido, competitivo, vencedor incontestado na casa de um Rio Ave com questões graves por solucionar. Uma bomba extraordinária de Luís Martins, a dez minutos do fim, deu justiça e consequência à lógica prevalecente desde o início.

Para que não restem dúvidas, aqui fica: este Gil Vicente foi melhor do que o Rio Ave em tudo. Pausou o jogo na fase inicial, trocou bem a bola, irritou o oponente e foi capaz de se soltar uma e outra vez em transições perigosas a partir de determinada altura.

Luan foi o comandante da partida, rei e senhor no meio-campo, sempre bem secundado pelo talento de João Vilela e um menino chamado Vítor Gonçalves, estreante a titular nesta Liga e já perfeitamente integrado nas boas ideias de João de Deus.

O golo surgiu perto do fim, mas podia ter surgido muito antes, fosse num livre direto de Paulinho à barra, fosse noutra tentativa do herói Luís Martins, um lateral sem espaço no Benfica e com futebol para dar e vencer.

OS DESTAQUES DO JOGO: Luan e Luís Martins


Sobre o Gil Vicente, agora confortavelmente com 14 pontos e ao lado do Benfica, sobram os elogios ao plano de jogo e à execução do mesmo. Pouco, quase nada, há a apontar a esta equipa pensada por João de Deus.

Falar em Europa será proibido, por ora, em Barcelos, embora este Gil Vicente tenha uma consistência capaz de fazer acreditar em coisas muito boas. No Minho mora, pelo que vimos, um candidato a andar pelo menos sossegado na primeira metade da Liga. Sem problemas.

Do Rio Ave não podemos dizer o mesmo. Os números são preocupantes: três derrotas consecutivas a jogar nos Arcos, zero golos marcados nesses mesmos jogos. No futebol não há acasos e basta ver com um atenção um jogo dos vilacondenses em casa para percebermos essa seca incomum.

A equipa é previsível, pouco dinâmica, afunila demasiado o jogo e tem quebras de ritmo assustadoras. É, enfim, demasiado simples para uma defesa concentrada e dura como a do Gil Vicente.

FICHA DE JOGO E NOTAS

Em casa, o Rio Ave sente-se desconfortável, como se chegasse de um dia de trabalho duro e não soubesse como relaxar. Aquele que devia ser o seu porto de abrigo é, pelo contrário, um lugar frio, claustrofóbico, quase insuportável.

O mais grave nesta condição é que ela já acompanha o Rio Ave desde a época passada. Nuno Espírito Santo não tem sabido encontrar explicações e, muito menos, o antídoto para um mal evidente.

Desta vez tudo se decidiu num pontapé feliz de Luís Martins. Feliz mas convicto. E o que fica é a imagem convincente do Gil Vicente, em contraponto com um Rio Ave desgostoso e angustiado. Como se fosse um clube sem abrigo.