Tem poucos anos, é certo, mas começa a ser caso de estudo. O Olhanense continua sem perder quando assenta arraias no relvado do Estádio dos Arcos. O pecúlio vai ganhando corpo a cada visita a Vila do Conde, sendo esta tarde escrita nova página. Maurício indicou o caminho e depois foi só seguir as pisadas do leão Ricardo Batista, para segurar o triunfo pela margem mínima.

O Rio Ave abriu as portas de sua casa ao visitante algarvio e mostrou-lhe os usos e costumes de Vila do Conde. Início aguerrido, futebol sem grandes rendilhados, muito apoio e pressa na hora de chegar à baliza. O Olhanense foi embrulhado pela rigidez caseira, ficou atordoado mas não caiu.

Resistiu, com a graça de Ricardo Batista, a um Bruno Gama isolado logo aos 4 minutos. Sobreviveu às tentativas de Tarantini e aos esforços de João Tomás. Aos poucos foi ganhando confiança e passou a sentir-se mais confortável. Como uma criança num parque desconhecido, explorando até onde era seguro avançar. Com o tempo, apercebeu-se que até o golo podia tentar.

Ricardo Batista brilhou (destaques)

E fê-lo logo na primeira vez que o tentou a sério. Pouco antes, Maurício tinha deixado no corpo de Wires um livre frontal. Passou um minuto e o experiente brasileiro pôde erguer os braços em júbilo. Rui Duarte foi inteligente na forma como levantou o livre e o central do Olhanense só teve de empurrar.

Vítor Gomes bem soprou, mas castelo não caiu

A turma de Carlos Brito acusou a ousadia visitante. Como se fosse estranho! O Olhanense nunca perdeu em Vila do Conde em cinco desafios. Goleou, mesmo, na temporada passada por 1-5 e só a recente maré negra algarvia (afinal, eram três meses sem ganhar) podia fazer o golo causar espanto. Por este ou outro motivo, até ao intervalo, o Rio Ave não voltou a ser o mesmo dos primeiros minutos. O Olhanense é que se manteve imperturbável no estilo que trouxe para o norte: contenção e contra-ataque.

FICHA DE JOGO

A impaciência das bancadas ganhou fôlego a cada perdida de Yazalde no segundo tempo. O avançado da casa esteve em tarde não, atingindo o auge aos 53 minutos, quando não aproveitou, a um metro da baliza, um bom trabalho de Zé Gomes.

Por esta altura, já era de novo o Rio Ave que mandava. Sem encantar, porque a sofreguidão causada pelo resultado não o permitia, os homens de Carlos Brito, impulsionados pela boa entrada em campo de Vítor Gomes, imitaram o início de desafio: bola na frente, constantemente, e desacerto no momento chave. O pecado foi fatal.

Brito achou «tremenda injustiça», Faquirá destaca sofrimento

Quando a bola até levava o caminho certo surgiu o último entrave: Ricardo Batista. O guarda-redes que o Sporting colocou em Olhão assumiu protagonismo na recta final, com duas excelentes intervenções, negando golos a Bruno Gama e Yazalde.

O Rio Ave perdeu a oportunidade de ultrapassar o Olhanense na tabela e dobrar a primeira volta em posição mais tranquila. Lutou, correu e, registe-se, merecia mais. Mas é Daúto Faquirá quem volta aos triunfos no campeonato, três meses depois.