A desistência de Roger Federer do torneio de Roland Garros 2016 ainda antes de começar tornou desde logo esta 115ª edição histórica. E foi também de forma histórica que os Internacionais de França deste ano tiveram o seu ponto final. Novak Djokovic entrou para a galeria dos tenistas que fizeram o grand slam de carreira ao vencer o único torneio que ainda lhe faltava entre os quatro majors.

Mas não só. Ao consegui.lo neste domingo, o tenista sérvio de 29 anos é o atual detentor em simultâneo dos troféus de Wimbledon, do Open dos Estados Unidos, do Open da Austrália e de Roland Garros. E, isso, ainda menos o conseguiram. Com o ano de 2016 que se perspetiva, todavia, Djokovic pode chegar onde nunca alguém chegou antes na história do ténis: ganhar tudo no mesmo ano.

Vamos por partes. Fazer o Grand Slam significa(va) ganhar os quatro majors no mesmo ano (a começar na Austrália passado por Roland Garros, por Wimbledon e terminando nos EUA – por esta ordem. Ora, no ténis masculino, só dois o conseguiram: Don Budge (em 1938) e Rod Laver, por duas vezes, antes e depois da Era Open – em 1962 e 1969, respetivamente.

Novak Djokovic conseguiu completar neste domingo o grand slam de carreira ao inscrever o nome entre os vencedores dos quatro torneios – tornando-se o oitavo na história do ténis a fazê-lo – depois de Fred Perry, Don Budge, Rod Laver, Roy Emerson, Andre Agassi, Roger Federer e Rafael Nadal. A partir de 1982 ficou estabelecido que deter os quatro troféus em simultâneo equivalia a fazer o Grand Slam com a advertência de que era o Grand Slam fora de calendário, ou seja, ganhá-los precisando de dois anos consecutivos, como Djokovic agora fez.

O sérvio fez o grand slam de carreira aos 29 anos juntando-se a Agassi como os mais velhos a fazê-lo. Mas especificando para o grand slam fora de calendário, Djokovic é apenas o terceiro na história a ganhar quatro majors de forma consecutiva – depois de Budge e Laver o terem feito no mesmo ano do calendário, como já se referiu.

Ao vencer Andy Murray na final deste domingo – que registou o facto de ter perdido sempre que se estreou na final da cada major – Djokovic elevou para 12 o número de vitórias em torneios do grand slam – igualando o Roy Emerson. O sérvio tem agora à sua frente Pete Sampras e Rafa Nafal (14) e Roger Federer (17). Mas não há só estes números para ultrapassar – agora que fez o grand slam fora de calendário vencendo o major que lhe faltava no palmarés e que começou logo a celebrar.

Neste ano de 2016, com Jogos Olímpicos, Novak Djokovic é candidato a vencer tudo, a vencer tudo como nunca alguém conseguiu na história do ténis – homem ou mulher (incluindo o torneio olímpico – ausente dos Jogos durante décadas – e o Masters de final de ano, desde 1970).

O sérvio disputou a últimas seis finais dos majors desde Austrália 2015 (perdendo essa final e a de Roland Garros desse ano) ganhando Wimbledon, Open dos EUA, o Masters do final desse ano e na Austrália já em 2016 antes de Roland Garros neste domingo. Na lista de finais seguidas de majors Djokovic ainda está longe das dez de Federer, mas, nesta altura, o nº1 do mundo é sempre o maior candidato a vencer qualquer torneio.

E, se tudo lhe correr na perfeição até final deste ano, Novak Djokovic entrará para a história como o primeiro tenista a ganhar todos os torneios no mesmo ano. Faltam-lhe mais de metade – é certo – mas será seguramente um dos seus objetivos. Quanto aos majors, faltam jogar do calendário deste ano Wimbledon (no final de junho) e o Open dos Estados Unidos (no final de agosto). Pelo meio destes dois torneios haverá os Jogos Olímpicos (em agosto) e, no final o ano, o Masters – o ATP World Tour Finals.

Se vencer Wimbedon e nos EUA, o sérvio fará um Grand Slam à antiga, ou seja, ganhará os quatro majors no mesmo ano (dentro do calendário). Se tiver vencido os Jogos Olímpicos pelo meio fará o Golden Slam: ganhar os quatro majors e as Olimpíadas. Será sempre um golden slam de carreira e pode ser fora de calendário se ficar pelo torneio olímpico. Se, dias depois, Djokovic mantiver o título nos EUA, ganhará tudo no mesmo ano.

André Agassi e Rafa Nadal já conseguiram o golden slam de carreira. O norte-americano com sete anos de intervalo entre o primeiro e o último título até fechar o ciclo; o espanhol com cinco anos de diferença. Federer também pode consegui-lo 13 anos depois de ter vencido o primeiro major.

O mesmo que se aplica ao Golden Slam para Djokovic está em perspetiva também em relação ao Super Slam. Se o sérvio tiver ganho aquilo tudo até ao Masters de final de ano pode ser o primeiro de sempre a ganhar os quatro majors, os Jogos Olímpicos e ATP World Tour Finals no mesmo ano. Entre homens ou mulheres.

Andre Agassi tem um super slam de carreira (Nadal nunca venceu o Masters). Melhor do que isto só foi conseguido pela mulher do norte-americano. Steffi Graf conseguiu um super slam fora de calendário. Ou seja, venceu o WTA Tour Chanpionships (o Masters feminino) de 1987 e os quatro majors de 1988.

Novak Djokovic venceu neste domingo o torneio por que mais ansiava: o major que ainda não tinha ganho depois de já ter perdido três finais em Roland Garros. Conquistada esta batalha, muito mais se abriu à fome de conquista do sérvio – como referimos. Aos 29 anos, conquistar tudo o que ainda falta disputar nesta época dar-lhe-á os 14 majors de Sampras e Nadal, os slams e deixa-o a três majors de Federer. Será capaz? Tem tanto de possível como terá de difícil ser perfeito até final do ano.

Serena William está há dois majors consecutivos para igualar Steffi Graf no recorde de 22 triunfos em torneios do Grand Slam que a alemã detém. A norte-americana perdeu no sábado a final de Roland Garros para Garbiñe Muguruza, a grande nova sensação do ténis feminino. A tenista espanhola de 22 anos assumiu-se no topo do ténis mundial chegando à final de Wimbledon do ano passado. Neste ano confirmou as credenciais como tenista do futuro vencendo Roland Garros. A nova nº2 do mundo a partir desta segunda-feira impôs a Serena o que nunca antes tinha acontecido à norte-americana: perder duas finais de majors consecutivas (depois de Angelique Kerber ter ganho na Austrália em janeiro).