André Villas-Boas concedeu uma grande entrevista à TVI e ao Maisfutebol, onde abordou vários temas relacionados com o passado, o presente e o futuro.

O técnico do Zenit S. Petersburgo pretende garantir a conquista do título de campeão da Rússia e ir o mais longe possível na Liga Europa.

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Qual é o seu principal desejo para 2015?
«O meu desejo para 2015 é ter o Zenit campeão, nada mais que títulos me interessa. Queremos sobretudo conquistar o título tão desejado e fazer uma boa campanha europeia, na Liga Europa.»

Vencer a Liga Europa no Zenit, como fez no FC Porto, é o desejo?
«Seria ótimo. Se saltarmos as primeiras etapas, temos equipa para chegar longe. Temos de lidar com a paragem na Rússia e a frustração de cair da Liga dos Campeões, temos de transformar essa frustração em motivação.»

Gostaria de um Zenit-Sporting na final da Liga Europa, por exemplo?
Sim, porque não? Desde que o Zenit lá esteja…vamos ver o que podemos fazer na Liga Europa. Passo a passo, veremos as nossas possibilidades.»

De qualquer forma, como foi lidar com a saída da Liga dos Campeões?
«É óbvio que não estamos satisfeitos com a eliminação da Liga dos Campeões, penso que nos faltou sobretudo eficácia e sorte. Mas vamos encarar agora a Liga Europa, uma prova onde o Zenit tem história e tudo faremos para a respeitar. É uma competição onde tentaremos chegar o mais longe possível.»

A Liga dos Campeões foi um claramente um objetivo falhado para o Zenit?
«A saída da Champions é sempre frustrante, ir aos oitavos de final era um dos objetivos que nos foi proposto, não há que esconder. Agora, o maior desafio na Liga Europa será enfrentar uma partida de competitividade alta após uma paragem de cinco semanas. Vamos retomar a preparação a 11 de janeiro, fazer jogos particulares mas começaremos logo com um jogo de qualificação europeia. Mais tarde estaremos mais frescos em relação às outras equipas, mas inicialmente seria difícil.»

Sente que, não tendo conquistado o título de campeão no ano passado e falhando agora a continuidade da Liga dos Campeões, perdeu alguma margem de manobra no clube?
«Não, acho que não. De todo.»

No campeonato russo tem uma vantagem de sete pontos sobre o segundo classificado. Sente que o título está perto?
«Estamos bem no campeonato, conseguimos a vantagem de sete pontos mas nunca se sabe se é suficiente, já fizemos dois jogos da segunda volta e temos de ter em conta que ainda teremos vários desafios complicados pela frente.»

Quais têm sido os maiores desafios neste percurso no Zenit?
«O campeonato russo representou um novo desafio a vários níveis. Estamos a falar por exemplo de viagens de três/quatro horas, normalmente com diferença horária de duas horas. Temos de encontrar formas de compensar o tempo que se perde nessas viagens. Para além disso, é preciso ter em conta a qualidade dos hotéis, que nem sempre é a melhor, e também o facto de jogarmos em alguns relvados sintéticos, o que obriga a uma preparação diferente. Felizmente, nunca defrontei equipas mais do Oeste, próximo do Japão, como aconteceu ao Zenit há uns anos. Tem sido um desafio estimulante, num campeonato com competitividade interna enorme e cinco equipas a lutar pelo título, todas com poder financeiro. O Dínamo de Moscovo, por exemplo, gastou 100 milhões de euros nos últimos dois anos.»

Já se consegue expressar em russo?
«Sei alguma coisa do russo futebolístico, as palavras essenciais, como passe, remate
, deslocamento, etc. Palavras básicas. A maioria dos jogadores fala inglês e temos igualmente um tradutor para qualquer necessidade.»

Quando foi apresentado no Zenit, disse que gostaria de fazer pelo clube o que Pedro O Grande fez por S. Petersburgo. O que quis dizer com isso?
«Significa ter um Zenit a voltar aos títulos e a deixar imagem forte na Europa. Com a chegada de jogadores como Hulk, Witsel, Garay, Javi Garcia, conseguiu-se ter uma imagem mais mediática no futebol europeu, algo que também é importante quando se aproxima o Campeonato do Mundo na Rússia (2018). Foi essa a ambição que me foi transmitida pela Gazprom.»

Tem sido bom trabalhar com jogadores que já conhecia do futebol português?
«Tem sido positivo trabalhar com todos os jogadores, já que a minha ideologia é sempre de privilegiar o grupo, mas foi positivo atrair dois jogadores importantes como Garay e Javi Garcia numa altura em que temos limitações de investimento, por causa das regras de fair-play financeiro. Esses jogadores contribuíram para o reforço do equilíbrio defensivo da equipa. O fair-play limitou-nos a duas transferências e vai continuar a limitar-nos em janeiro, para comprar temos de garantir receitas e isso é difícil. Daí a aposta em fazer um plantel misto, com jogadores de fora e aqueles que já estavam no Zenit e que contribuíram para anos de sucesso.»