Descubra as diferenças. O que mudou no onze inicial do FC Porto entre 18 de agosto, no arranque da Liga em Setúbal, e 19 de janeiro, data de reencontro com os sadinos?

A resposta mais óbvia tem de ser esta: quatro elementos. Depois, numa análise mais cirúrgica, podemos evocar alterações nos processos defensivo e ofensivo, provavelmente nas bolas paradas e na circulação de bola. Neste texto, porém, vamos centrar-nos só na escolha de jogadores.

Paulo Fonseca arrancou a temporada a sofrer no banco. O Bonfim foi um palco duro e ao intervalo o Vitória vencia por 1-0. No segundo tempo, Josué, Quintero e Jackson deram a volta a um cenário complicado.



Desse elenco escolhido pelo treinador do FC Porto para a estreia no campeonato, apenas sete repetiram a titularidade neste início da segunda volta: Helton, Danilo, Mangala, Alex Sandro, Fernando, Lucho e Jackson.

Como é fácil perceber, quatro das opções perderam espaço pelo caminho. Nico Otamendi, Steven Defour, Josué e Licá fizeram parte do plano original de Fonseca mas, pelos mais variados motivos, não constaram do desenho para a vitória de 3-0 no último domingo.

Em pleno mês de janeiro e com o mercado de transferências aberto, o que poderá suceder a este quarteto? O presidente dos tricampeões nacionais não espera mais movimentações, depois da contratação de Ricardo Quaresma. Será mesmo assim?

O Maisfutebol olha para estes quatro sacrificados e analisa o que correu mal. Há tempo e espaço para a regeneração?

NICO OTAMENDI
. Titular absoluto até à décima jornada, erros primários e incomuns num futebolista profissional. A perda de bola para o golo do empate do Nacional, em pleno Dragão, terá sido a gota de água a entornar a paciência de Paulo Fonseca. Aproveitou as suspensões de Mangala e Alex Sandro para voltar à equipa e foi, com grande surpresa, titular no Estádio da Luz.

A má exibição, mais uma, devolveu-o ao banco e promoveu o encaixe entre Maicon e Mangala. Depois de uma época excelente a todos os níveis, o rendimento de Otamendi tem deixado muito a desejar.

O mercado de transferências continua a entoar regularmente o seu nome. Voltou há poucos meses a vestir a camisola da seleção argentina, mas a presença no Mundial, com os dados atuais, está longe de ser um dado adquirido.

OS NÚMEROS DE NICO OTAMENDI

STEVEN DEFOUR
. A venda de João Moutinho prometia-lhe mundos, fundos e a titularidade ansiada. Assim foi, pelo menos na fase inicial da temporada. O internacional belga juntou-se a Fernando e Lucho no meio-campo, numa tentativa de continuidade e estabilidade com os mecanismos do passado.

Debalde. O empate no Estoril acionou o sinal de alarme, Defour caiu da equipa e Fonseca lançou outras unidades. Pelo trio da intermediária passaram Quintero, Josué e Herrera, até Carlos Eduardo impressionar e fixar-se no onze inicial.

Nas últimas oito jornadas do campeonato, Steven Defour foi utilizado uma (!) vez: 90 minutos contra o Sporting Braga a fazer as vezes do castigado Fernando. Quer sair, mas o FC Porto recusa o cenário de empréstimo.

OS NÚMEROS DE STEVEN DEFOUR

JOSUÉ
. Paulo Fonseca pretendeu repetir com o esquerdino a fórmula bem sucedida de Paços Ferreira. No papel seria extremo, na prática procuraria os terrenos da posição dez e só no processo defensivo se teria de preocupar com o lateral adversário. A inconstância da equipa custou-lhe o posto logo à quarta jornada.

Voltou três rondas depois, na receção ao Vitória Guimarães, voltou a sair na deslocação ao Restelo (9ª jornada) e foi titular pela última vez à 12ª ronda: 2-0 ao Sp. Braga. A aposta em Carlos Eduardo e a colocação de Licá na posição de extremo (até chegar Quaresma) retiraram-lhe margem de manobra.

Fez uma boa exibição contra o Penafiel, na Taça de Portugal, e voltou a dar boas indicações nos 14 minutos jogados contra o Vitória Setúbal. Está no banco, sim, mas inconformado.

OS NÚMEROS DE JOSUÉ

LICÁ
. Três golos nos cinco primeiros jogos, sempre como titular, sugeria uma relação profícua e harmoniosa com as necessidades da equipa. Puro engano. Licá não marca desde o dia 22 de setembro (2-2 no Estoril) e passou a ser mais vezes suplente utilizado do que titular.

Fonseca premiara-lhe a atitude e entrega (admiráveis) nas três jornadas anteriores do campeonato, mas o rendimento flutuante colidiu de frente com a contratação de Ricardo Quaresma.

Precipitado, por vezes trapalhão, Licá não tem oferecido o que um clube do nível do FC Porto exige. No último jogo nem no banco de suplentes teve lugar. Tem de sossegar o coração e adquirir confiança nas ações individuais.

OS NÚMEROS DE LICÁ