*Enviado-especial ao Euro 2016

Ao segundo jogo, novo empate. Portugal ainda continua com hipóteses de apuramento e a depender de si próprio para garantir inclusive o primeiro lugar do Grupo F depois do nulo com a Áustria, mas os sinais estão longe de ser animadores. A falta de acerto na finalização, e alguma fragilidade emocional – sobretudo na sua maior figura, que voltou a falhar um penálti –, deverão aumentar a ansiedade ainda mais no derradeiro assalto, frente à Hungria, dia 22, em Lyon. A Seleção criou, mais uma vez, oportunidades mais do que suficientes para vencer, mas ficou aquém do que é preciso na finalização a este nível.  

Fernando Santos mudou para um 4x3x3 assimétrico, a Áustria surpreendeu com Harnik a 9. Quaresma entrou no onze para dar profundidade, de início pela direita, voltando Cristiano Ronaldo a sair da esquerda como nos velhos tempos. Isto é, às vezes, porque Ronaldo anda, como se sabe, por todo o lado. Atrás, o triângulo assentava invertido em William Carvalho, com André Gomes e Moutinho nos outros vértices.

Marcel Köller desviou, como se disse acima, Harnik da direita para o centro do ataque, recebendo o apoio de Alaba nas costas (Junuzovic lesionado). Ilsanker surgiu então no duplo-pivot com Baurmgartlinger, e para a vaga que ficou no flanco foi escolhido o jovem Sabitzer.

Início dividido, com Portugal em crescendo

Como se esperava, Portugal e Áustria começaram cedo a dividir o jogo e também as primeiras oportunidades, até que a Seleção foi, aos poucos, tomando conta do controlo do encontro. Um cruzamento perigoso de Quaresma foi afastado para canto por Almer, e a Áustria respondeu fortíssimo: centro de Sabitzer para Harnik falhar a emenda em zona frontal. Tinham passado quatro minutos, e o encontro ganhava tom. Só que a superioridade portuguesa ia tornar-se evidente. Nani falhou de cabeça aos seis minutos e depois com o pé, isolado, perante Almer, aos 13. Aos 22, grande jogada coletiva, com Nani a servir Raphäel Guerreiro e este a assistir Ronaldo, que atirou ligeiramente ao lado. À meia-hora, Nani acertou de cabeça no poste direito, num canto curto, com cruzamento de André Gomes.

Antes do intervalo, mais duas oportunidades, uma para cada lado. Na insistência de Quaresma, Ronaldo ainda permitiu que Almer encaixasse (38), e um livre perigosíssimo de Alaba (41) foi salvo sobre a linha por Vieirinha, depois de Patrício ter ficado para trás.

Os sustos, por Alaba e Ilsanker

Para trás tinha ficado um bom primeiro tempo, com William a conseguir ajudar a equipa a anular as iniciativas austríacas e a sair com a bola, embora às vezes com alguns tropeções pelo caminho. André Gomes, mais do que Moutinho, era o mais objetivo a levá-la até aos extremos, onde se procurava o espaço. Com o 0-0 ao intervalo, a Áustria provavelmente ter-se-á sentido algo feliz, mesmo depois do salvamento por Vieirinha.

O ataque austríaco continuado no segundo tempo durou um minuto, com Rui Patrício a fazer uma grande defesa a remate de Ilsanker. O que se passou a partir daí foram contra-ataques e apenas quando o jogo partia. Ronaldo, aos 55 e 56 minutos, teve mais duas oportunidades. Rematou fortíssimo para Almer desviar para canto, e cabeceou à figura na sequência do mesmo. O segundo momento merecia mais direção.

Muito cruzamento para... um penálti

Portugal continuou a tentar rodear a defesa adversária pelos flancos e cruzar muito, um pouco como tinha acontecido com a Islândia, e nem a troca de Quaresma por João Mário alterou isso. A hora era de tentar tudo o resto que não tinha resultado até aí.

Curiosamente, foi na sequência de um bom cruzamento de Raphäel Guerreiro, aos 78 minutos, depois de excelente combinação com André Gomes – dois dos melhores portugueses – apanhou Hinteregger atrasado em relação a Ronaldo. O capitão foi agarrado e foi-lhe dado um penálti. Mas todo o seu comportamento indiciava algo errado. Lento a ir buscar a bola, a aparentar cansaço, não parecia bem. Tanto foi que acertou no poste. E Portugal inteiro percebeu que ainda não era dia.

A margem de erro tornou-se zero. Tal como o resultado de hoje.