Jardel, Jefferson, William e Samaris: o dérbi foi deles

O dérbi deu-nos vinte minutos (mais descontos) de futebol.

Aos jogadores não deu espaço para pensar e, sobretudo, para decidir bem. Aquele choque de meios-campos tão cheio de intensidade e agressividade provocou muitas perdas de bolas e maus passes, e levantou demasiada poeira para que os artistas encontrassem o discernimento.

Na ausência do génio brilharam o trabalho, o auto-controlo e a entrega.

Enorme a exibição de Jardel. Uma desatenção sim, ainda na primeira parte, mas inúmeros cortes e desarmes, bom posicionamento, e eficácia a dobrar laterais e Luisão. Aquele golo, no último suspiro, não podia ter caído em mais merecido destinatário. Houve melhor em campo? 

Fantástico Jefferson a secar Salvio e também a apoiar o ataque, com o golo a sair dessa audácia, quando Artur já parecia ter anulado o perigo.

Grande William, um muro a proteger os jovens centrais, e a sair das zonas de pressão com passes longos. Mais próximo do velho William, aquele que só tem um ano e que nos espantou tanto na última época.

E Samaris, que todos vão lembrar pelo corte azarado que isolou João Mário no início da jogada do golo dos leões, esteve quase sempre bem. Bem a sair da pressão, bem a compensar na sua defesa. Está finalmente a crescer.

Paulo Oliveira e Tobias Figueiredo merecem igualmente elogios.

O dérbi, este dérbi com uma oportunidade clara de golo para cada lado fora os golos - a cabeçada de Carrillo e a tentativa de assistência de Jonas para Lima -, foi deles.

O Benfica sai melhor do confronto. Talvez até mais confiante, depois daquele golo nos últimos segundos. O empate mantém o rival à distância e inclusive anula a vantagem que os leões tinham no confronto direto depois da igualdade a um golo na Luz.

Os seis pontos para o FC Porto passaram a quatro, que valem cinco com a vantagem no confronto direto. A diferença obriga a que os encarnados se mantenham focados para poderem aproveitar o resultado que sair do embate entre os rivais daqui por três jornadas.

Jorge Sousa esteve irrepreensível. E não dizer mais nada é o melhor elogio que lhe podemos fazer.

Luís Mateus é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no Twitter.