Supertaça para o Benfica, Taça da Liga conquistada pelo Sporting. Os dois primeiros troféus pós-defeso entregues.

É o primeiro dos leões ao fim de três finais, arrecadado graças à forma competitiva como foi encarado (não só pelo Sporting, obviamente). A prova, desvalorizada tantas vezes antes, teve as melhores unidades de cada emblema em campo ou perto disso, índices de intensidade elevados e cresceu em prestígio.

Essa mesma competitividade terá retirado algum brilhantismo do campo, sobretudo no clássico da meia-final, mas era de esperar que o foco em não deixar construir não deixasse grande espaço para a criatividade e o rasgo.

A equipa de Jorge Jesus alcançou assim o primeiro objetivo da temporada, assumidamente o menor. Não o fez sem dificuldade, e teve a sua dose de felicidade. Não concordo que os penáltis sejam uma lotaria, mas o aleatório também faz parte do desempate, tal como de vários outros momentos do jogo.

Vale o que vale. Daqui por algumas semanas já só se valorizará o nome do vencedor no histórico. Uma coisa é certa: das duas vezes, o Sporting foi mais competente do que os rivais desde os 11 metros. Isso chegou para fazer a festa.

Sem Gelson – e podemos juntar a final ao pouco tempo em que esteve em campo frente ao FC Porto –, os leões perderam velocidade, capacidade de romper linhas de pressão e sentiram falta ainda de algum jogo interior mais perto da área rival. Sem alguém no plantel semelhante – Rúben Ribeiro primeiro, e Bruno Fernandes depois tentaram acrescentar ali um futebol diferente –, o Sporting foi previsível e esteve demasiado tempo anulado tanto por FC Porto como pelo V. Setúbal.

No que diz respeito ao clássico, ficou mais uma vez a sensação de o FC Porto ter sido ligeiramente superior ao Sporting – menos do que no jogo da Liga – ao longo dos 90 minutos. A primeira parte frente aos sadinos também foi dominada pela equipa de José Couceiro. Sensações que são apenas sinais.

Sem Gelson, aumenta a dependência de Bruno Fernandes na construção, e de Dost na finalização. Rúben Ribeiro ainda não teve impacto equivalente ao seu potencial, Acuña atravessa um período menos fulgurante, Bryan Ruiz não tem ritmo para desequilibrar. Percebe-se o interesse em trazer mais cedo Raphinha, a fim de acelerar mais as transições.

As últimas exibições têm parecido curtas. Não foi uma Taça da Liga exuberante no plano ofensivo, a competência mostrou-a nos penáltis em ambos os encontros da final four. Parece claro que, e tendo em conta também mas não só o potencial ainda por fazer vingar, que o Sporting pode e deve jogar melhor. Terá muitas oportunidades para fazê-lo até final da temporada.