Não é isto o que diz o resultado. Mas o Sporting que vai arrastando uma época penosa entrou em Alvalade disposto a estar à altura do derby e a dar-lhe a intensidade que ele merece. Não durou até ao fim, não deu para mais e não mudou a história, nem a sua nem a do campeonato, porque o Benfica venceu (3-1) e está na frente, com os mesmos pontos do FC Porto, mas nos tempos que correm em Alvalade já pode ser alguma coisa. Na mesma medida, para o Benfica esta é uma vitória maior.

Este era à partida o derby mais desnivelado de sempre, nunca os rivais de Lisboa se tinham defrontado separados por quinze pontos. Por outro lado, se o panorama geral da época dá o Benfica em alta e o Sporting em baixa, os antecedentes recentes eram diferentes. Os leões vinham de uma vitória europeia, por muito que não tenha contado para nada, os encarnados de um nulo em Barcelona de que Jesus quis fazer uma proeza, mas que na verdade representou o adeus à Liga dos Campeões.

As duas equipas têm várias baixas e foi daí que tiveram de partir os treinadores. No Sporting, ainda a testar soluções, Vercauteren optou por colocar Boulahrouz com Rojo no centro da defesa e reforçar o meio-campo com Pranjic. No Benfica, Jorge Jesus deu mais uma oportunidade a André Gomes, na ausência de Enzo Perez, lesionado. Luisão também foi baixa e Jardel voltou ao onze, Salvio recuperou e jogou.

Porque falamos de história quando falamos de derbies, mais um facto para os registos. Os onzes iniciais indiciavam que este iria ser o derby menos português de sempre. E bateu mesmo o recorde. O anterior era cinco, aqui estiveram três.

Entrou melhor o Benfica, com mais bola, mas foi-a perdendo, na proporção em que o Sporting foi equilibrando as coisas. Começou a recuperar mais bolas, foi sendo mais competente no meio-campo e mais incisivo nas alas. Ou melhor, na ala esquerda, onde moravam Capel e Insua. E depois teve Wolfswinkel em noite sim.

Foi do Sporting a primeira oportunidade do jogo, num livre de Insua, que obrigou Artur a uma defesa vistosa. Quatro minutos depois, um desentendimento entre Artur e Garay num livre de Pranjic dá o tom para a mudança de equilíbrio de forças no jogo.

O Benfica ainda teve uma boa oportunidade aos 27 minutos, num cruzamento de Melgarejo a que Salvio não chegou. E depois foi o golo do Sporting. O jogo levava meia hora, o mérito é, muito, de Wolfswinkel. Ganhou na área, lateralizou para Capel cruzar e apareceu a finalizar. Explosão de alegria em Alvalade, com um ambiente como ainda não se tinha visto esta época.

O Benfica tentou responder pouco depois, Lima rematou ao lado. E antes do intervalo, ainda tentou Cardozo, e esteve muito perto, aos 41. Cruzamento de Salvio, o paraguaio elevou-se e cabeceou, a bola saiu um pouco ao lado.

Na segunda parte o jogo mudou. O Benfica voltou a entrar a pressionar mais. Lima fez a bola passar a rasar o poste, mas o Sporting também esteve muito perto do segundo. Trabalho de Carrillo, que deu para Elias, mas Artur negou o golo ao brasileiro.

E aos 59m o Benfica empatou. Combinação de Cardozo com Ola John e com falhas do lado do Sporting, o holandês cruzou de volta para o paraguaio e acabou por ser Rojo a fazer a bola entrar na baliza.

Mais maduro, mais forte, o Benfica crescia. O Sporting recuava, perdia a coesão que tinha feito a diferença na primeira parte. Voltavam os erros individuais e a instabilidade. Aos 65m Salvio esteve perto, depois Garay atirou ao poste. Pelo meio Insua ainda fez o mesmo, num remate de fúria.

Depois Salvio teve nova oportunidade, que Patrício defendeu. E a seguir, o momento que virou de vez o jogo. Sobre a linha, Boulahrouz deita a mão à bola, num remate de Salvio. Penalty, expulsão. Cardozo converte, o Benfica está na frente do jogo pela primeira vez, aos 80 minutos.

Antes do final ainda houve mais um golo. Cardozo, outra vez ele, num cabeceamento a cruzamento de Salvio. 3-1, o Benfica sai de Alvalade reforçado. E o Sporting, levará daqui alguma coisa?