Godinho Lopes esteve na TVI, esta segunda-feira, para responder às acusações que o Sporting lhe fez e à expulsão da qualidade de sócio do clube.
 
O antigo presidente confessou-se «nervoso e revoltado», antes de sublinhar ser «completamente ridícula e demagógica a forma como este processo foi conduzido».
 
Pelo meio repetiu que vai avançar para o tribunal, prometendo para já apresentar queixas contra o presidente da direção, Bruno de Carvalho, o presidente da Mesa de Assembleia Geral, Jaime Marta Soares, e contra todo o Conselho Fiscal e Disciplinar, particularmente o presidente Jorge Barcelar Gouveia.
 
Mas para o fazer, disse, vai precisar de tempo: isto porque Godinho Lopes quer reunir uma série de dados e testemunhos, em particular da empresa que fez a auditoria.
 
«Vou perguntar à Mazars por que nunca fui ouvido e vou perguntar-lhes mais coisas, porque não acredito que tenham feito aquela auditoria, que tenham feito aqueles powerpoints e sobretudo que tenham feito a auditoria com aqueles números.»
 
Pelo meio repetiu várias vezes que não foi a construção do estádio que lhe valeu a expulsão da qualidade de associado do Sporting.
 
«As acusações que me fazem não têm nada a ver com a construção do estádio, tem que ver com os meus dois anos de gestão entre 2011 e 2013.»
 
O antigo dirigente falou depois do essencial das críticas, das acusações que lhe foram feitas nas derrapagens na construção do Estádio de Alvalade e da Academia de Alcochete.
 
«Não admito que falem em roubo, não houve ladroagem nenhuma. A minha vida sempre foi dedicada à construção e nunca houve derrapagens nos meus projetos. Por isso é que estas pessoas vão ter de provar as acusações que fizeram nas barras dos tribunais.»
 
Mas por partes.
 
«Quando cheguei a Alvalade, convidado por José Roquette, em finais de 1998, fui confrontado com um consórcio que já existia para construção do Estádio de Alvalade, liderado pela Somague e pela Teixeira Duarte», referiu.
 
«Estava previsto que o estádio tivesse 43 mil lugares. O primeiro preço que me aparece é de 32 milhões de contos, ou seja 160 milhões de euros. Portanto quando se vai buscar alterações nos preços, é preciso perceber qual é a base.»
 
«Ao não aceitar esses preços, rescindi o contrato com o consórcio e fui obrigado a demitir-me da Somague porque havia um conflito. O Estádio de Alvalade acabou por custar 100 milhões de euros. Em três meses fizemos uma redução de 160 para 100 milhões de euros.»
 
Confrontado com o facto de o estádio ter custado 174 milhões de euros, Godinho Lopes referiu ser falso: custou 168 milhões.
 
«O custo global do imobiliário, que inclui o estádio e a academia, foi de 182 milhões de euros. As vendas de todo o património imobiliário foi de 188 milhões. Portanto já se vê aqui que o problema do Sporting não está na área imobiliária.»
 
«Do preço total de 182 milhões, a Academia custou 18 milhões. Quando se diz que o custo da Academia aumentou de 5 para 18 milhões de euros, é uma total falácia: é preciso dizer que a academia cresceu de uma perspetiva inicial de 4 mil metros quadrados, que correspondiam a esse preço de 5 milhões, para 17 mil metros quadrados que a Academia tem hoje. Portanto vejam o tamanho das mentiras», referiu.
 
«As avaliações da Academia em 2013 apontaram para um valor entre 25 e 28 milhões de euros. Não podia construir-se uma coisa que vale 28 milhões de euros com 5 milhões.»
 
Godinho Lopes explicou depois que dos 182 milhões de euros, tirando os 18 da Academia fica-se com um custo de 168 milhões de euros: o tal preço total de Alvalade.
 
Depois, continuou, «no preço do consórcio não estavam previstos as acessibilidades, que custaram 9,4 milhões de euros, o edifício Visconde de Alvalade, que custou 13 milhões de euros, o Homes Place, os vídeo-screens, a decoração do estádio, o Alvalaxia, enfim.»
 
Estes equipamentos não estavam na proposta do consórcio, acrescentou o antigo presidente, por várias razões, entre as quais não ser possível calcular o preço.
 
Ora, e em conclusão final, ao tirar o preço destes equipamentos dos 168 milhões iniciais, chega-se ao valor de 100 milhões previstos inicialmente após rescisão com o consórcio.
 
Por isso Godinho Lopes repete que «não houve ladroagem nenhuma». «Acho inacreditável esta blasfémia, de quando se diz alguma coisa que não é possível provar. Estes senhores, quando forem à barra de tribunal, vão ter de provar estas mentiras.»