Jorge Jesus, treinador do Sporting, depois do empate diante do Rio Ave (0-0), no Estádio de Alvalade, em jogo da 21ª jornada da Liga.

 

[Análise ao jogo]

- Na antevisão do jogo já prevíamos que ia ser difícil, O Rio Ave é uma equipa que defende bem, tem alguma criatividade na saída para o contragolpe, apesar de na segunda parte isso já não ter existido. O Sporting fez um bom jogo, mas no início não esteve tão bem. Fomos penalizados com algum mérito do guarda-redes do Rio Ave que fez uma exibição espetacular. Falhámos três golos na área só com o keeper na baliza e quando isso acontece estás sujeito a não ganhar, mas isso não tira o mérito do trabalho da equipa. Fizemos uma segunda parte melhor do que a primeira, aliás, fazemos sempre, mas o futebol é isto mesmo. Perdemos em casa dois pontos, mas o Sporting continua no primeiro lugar. Ganhámos um ponto a um rival, mas perdemos outros dois para outro rival. A equipa fez um bom jogo, com uma saúde física e mental muito forte. Uma equipa que fez tudo para ganhar o jogo, criou imensas oportunidades, mas o Cássio tirou-nos dois pontos. Mérito à equipa do Rio Ave que, defensivamente, teve a sorte do jogo e não sofreu golos. Parabéns para a minha equipa, apesar de não ter ganho. Não saio triste com a exibição, só com o resultado. Esta equipa tem alma e tem tudo para continuar na frente. O importante é continuarmos lá em cima para discutirmos este campeonato até ao fim.

 

[Faltou estofo de campeão?]

- Se descodificarmos o que isso quer dizer, quer dizer muita coisa. Se for só pelo pormenor do que é a qualidade da equipa e do que ela jogou, jogou mais do que suficiente para ganhar o jogo. Mas essa questão do estofo tem mais questões que não vale a pena agora falar nelas. A equipa teve estofo, teve qualidade. Falei em três oportunidades de golo dentro da pequena área só com o guarda-redes pela frente. É preciso muita qualidade para criar essas situações e nós fizemos. Duas com defesas espetaculares do Cássio e outra em que o Slimani não conseguiu meter na baliza, para mim até era a que parecia mais fácil. Quando tens dinâmica ofensiva, crias quatro, cinco ou seis oportunidades e não consegues fazer golo, vais sair satisfeito deste jogo? Não vais porque não ganhaste. Se tivéssemos feito um ou dois golos tínhamos feito uma exibição com muita qualidade.

 

[Agora é uma luta a dois com o Benfica ou FC Porto continua na luta?]

- Estão os três envolvidos, uns melhores do que os outros, mas tudo está em aberto para as três equipas. Ainda se vão perder pontos e aquela que estiver melhor na frente, vai perder menos. O Sporting há muitos anos que não sabia o que era lutar pelo título. Queremos lutar pelo primeiro ou pelo segundo lugar.

 

[Para o clássico da próxima semana, quem está mais forte?]

- No futebol, há previsões, mas não há certezas. É um jogo, qualquer uma das equipas pode ganhar. Isso não é um problema meu. O meu problema chama-se Nacional da Madeira, é nisso que tenho de pensar.

 

[Mas qual dos três está mais forte?]

- São os dois primeiros, porque estão em primeiro. Não existe mais fortes em terceiro ou quarto. Os mais fortes são os que estão à frente.

 

[Barcos chegou esta semana e já foi utilizado]

- Pela forma como trabalhamos durante a semana, em termos de equipa, queríamos ter dois jogadores no corredor central, para que o Rio Ave não jogasse em superioridade numérica. O Téo estava bem, teve uma hora de jogo, mas já não estava com a mesma intensidade. O Barcos, com a experiência que tem, podia criar uma oportunidade de finalização e até criou. Queríamos dois avançados mais agressivos na disputa direta com a defesa do Rio Ave.

 

[Gelson entrou mais tarde para o lugar de William]

- O jogo na segunda parte estava a ser mais fácil para o William do que tinha sido na primeira. Quando o João [Mário] veio para o meio, a gente mudou completamente o nosso sistema de jogo. O João passou a jogar como segundo avançado no apoio aos dois pontas-de-lança.

 

[A equipa acusou o nervosismo de ter de lutar pelo primeiro lugar?]

- Vocês não são treinadores, são jornalistas. Essa pergunta não tem cabimento para os jogadores do Sporting, nem para os jogadores do Benfica, nem do FC Porto. Os jogadores dos grandes estão habituados a lidar com estes jogos, isso não existe nas grandes equipas. Deixem de fazer essas perguntas porque a pressão não existe.