Este FC Porto cheira à água de colónia de Sérgio Conceição. É construído de fé e confiança – por vezes irracional – de que tudo vai acabar por correr bem. Na determinação, o dragão é campeão do mundo. Ao ter abandonado esse perfil de crença profunda, nos últimos 15 minutos da primeira parte, estremeceu.

Nada que não fosse possível de resolver no segundo tempo. O mais importante, a qualificação para a «final four», foi selada com autoridade na Mata Real.

Talvez contrariado, o treinador do FC Porto foi obrigado a lançar Aboubakar e Corona ao intervalo. O contexto da partida aconselhava tolerância zero e nada como a fome do camaronês e a arte aveludada do mexicano para controlar um Paços de durões pouco rodados.

FICHA DE JOGO E A PARTIDA AO MINUTO

Com o terceiro golo, logo na abertura do segundo tempo, os azuis e brancos sossegaram e fecharam as dúvidas alarmantes criadas pelo bis de Luiz Phellype. Cruzamento de Corona, golo 23 de Aboubakar na época, este num ótimo desvio de cabeça.

Na verdade, o FC Porto chegou com facilidade ao 0-2, teve mais três claras oportunidades de golo – Soares, Ricardo e Marega -, mas depois abrandou, baixou os níveis de rigor e o Paços marcou dois golos nos únicos dois remates que fez à baliza de Iker Casillas.

No primeiro, Diego Reyes estragou o que fizera no ataque – o golo inaugural – ao abordar de forma demasiado soft o duelo com Luiz Phellype; no segundo, os centrais do FC Porto encostaram-se demasiado à baliza de Casillas e deram muito espaço ao avançado brasileiro.

DESTAQUES DO JOGO: Brahimi a liderar, Marcano a reconfortar

Esses dois lapsos foram uma exceção, ainda que importante, num jogo bem conseguido pelo FC Porto, naquele jeito a que nos tem habituado. Agressivo no comportamento defensivo, sempre pressionante; objetivo, furioso até, nas transições ofensivas, que quase sempre prevaleceram sobre o futebol pensado e organizado.

É importante referir que Petit revolucionou a equipa inicial, mantendo apenas dois jogadores que foram titulares contra o Boavista para a Liga: André Leão e Miguel Vieira. Conceição mexeu muito menos, até porque já não podia contar com o castigado Danilo.

E por falar em castigos, vale a pena acabar a crónica com a pior notícia da noite para o FC Porto. Em cima do minuto 90, Herrera foi expulso com vermelho direto. Agarrado por Andrezinho, o mexicano encostou o cotovelo na cara do adversário. Imprudente e desnecessário, sim, embora a expulsão nos tenha parecido uma decisão exagerada.