Do caos emergiram os miúdos. O Sporting passou em Guimarães na ronda inaugural na Taça da Liga, com uma exibição em esforço a disfarçar o clima de tensão em torno da equipa ao longo da semana. Um resultado que não espelha, de todo, o que se passou em campo, mas que é justo e premeia a eficácia leonina, face a um Vitória mais atacante e dominador mas com rumo pouco afinado.
 
O segredo esteve também na forma como surgiu o primeiro golo. A festa de Heldon, ainda em fase muito madrugadora, foi o melhor que poderia acontecer à equipa de Marco Silva. Um grupo renovado de ponta a ponta. O presidente Bruno de Carvalho chegou a prometer jogar com os juniores nesta prova. Não aconteceu, mas o Sporting que esteve no Minho também não foi o do costume.
 
FICHA DE JOGO

A verdade, contudo, é que esse Sporting habitual perdera 3-0 no D. Afonso Henriques num dos pontos mais negros da temporada. Este Sporting de recurso não brilhou, mas ganhou. Ainda é o que importa, correto?
 
Depois do voto de confiança presidencial aos jogadores da equipa B e aos reforços menos utilizados, hoje puderam responder campo. Uns mais do que outros, naturalmente. Slavchev nâo se viu, por exemplo, e Tanaka apenas num livre na segunda metade que obrigou Douglas a enorme defesa. Mas houve boas notícias, também.
 
Tobias Figueiredo confirmou as boas indicações que havia deixado em outras ocasiões. Dramé fez o golo da noite. Ryan Gauld não foi consistente mas mostrou-se a espaços. Podence é um jovem a ter em conta e André Geraldes pode ser mais do que o terceiro lateral esquerdo do grupo.
 
E no meio disto tudo, foi Heldon, um dos esquecidos por Marco Silva, a desbloquear e lançar a equipa, com um remate cruzado, rasteiro, logo aos quatro minutos, depois de toque subtil de Podence, que o isolou.
 
Defender enquanto desse e deu até ao fim
 
O golo deu confiança a um grupo com poucas rotinas. É verdade que o Sporting não voltou a alvejar a baliza em toda a primeira parte e só o fez na segunda no referido livre de Tanaka e numa outra tentativa, fraca, do japonês, antes de marcar nos descontos. Mas também é certo que a pressão ofensiva vitoriana foi, sobretudo, esforço.
 
Gui e Nii Plange, ainda no primeiro quarto de hora, obrigaram Marcelo a aplicar-se, mas até ao descanso mais nenhuma ocasião flagrante apareceu para a equipa de Rui Vitória. O jogo ficava confuso e o Sporting dava-se bem com isso. Chegava e sobrava para as encomendas.
 
O técnico vitoriano percebeu e mudou, trocando o apagado Bernard por Alex, procurando ideias novas para o ataque. Chegaram, pelo menos, as oportunidades. Ricardo não emendou centro de Alex e Josué fê-lo muito mal no instante seguinte. André André, de cabeça, ficou a centímetros já no último quarto de hora.
 
Eram os lances que sustentavam a crença vitoriana no empate. Depois da noite de outubro em que nada saiu bem ao Sporting no D. Afonso Henriques, nesta, na última de futebol em 2014 para ambas as equipas, o cenário foi o inverso.
 
Aliás, a coroar tudo veio o golaço de Dramé, entrado aos 87, no último lance do desafio, a colocar o resultado num 2-0 pesadíssimo para o Vitória, que passou por dezembro sem vencer e…sem marcar!
 
O Sporting entrou bem na Taça da Liga, num jogo em que foi, sobretudo, feliz. Ganhou naquele que será, na teoria, o terreno mais difícil deste grupo C, que conta ainda com Belenenses, Boavista e V. Setúbal.
 
Ao mesmo tempo, maquilhou a tensão interna e termina 2014 de sorriso no rosto. Tímido, porque a competição não é prioritária. Mas é melhor que nada, ou não?