Cheirou a Taça, mas ganhou o mais forte. O Marítimo segue para a próxima eliminatória da Taça de Portugal depois de vencer o Lusitânia Lourosa apenas no prolongamento e quando já se encontrava reduzido a dez jogadores.

Num jogo à antiga, com os condimentos que ainda tornam esta prova especial no século XXI, o Lusitânia Lourosa, do Campeonato Nacional de Seniores, acreditou, praticamente até ao fim, em fazer uma enorme surpresa, mas tombou no prolongamento.

Foi fumo sem fogo. Ruben Ferreira, um defesa, rematou para a vitória após um canto e acabou com a ilusão da pequena cidade do concelho de Santa Maria da Feira. Um remate rasteiro e colocado, sem hipóteses de defesa. O fim de um sonho que chegou a parecer bem real. O golo de Marega, no último minuto, apenas confirmou o desfecho que já estava escrito e deu ao marcador números exagerados.

Até porque, nos 90 minutos, mais coisa menos coisa, as equipas equivaleram-se. Melhor dizendo: o Marítimo teve mais oportunidades, sobretudo na primeira parte, mas não teve um jogo tranquilo. Os homens da casa entraram mais nervosos mas quando se conseguiram recompor assustaram José Sá num par de lances, equilibrando a balança.

A melhor oportunidade desse primeiro período, ainda assim, pertenceu a Marega, logo aos 9 minutos. Após centro perfeito de Tiago Rodrigues, o avançado do Marítimo atirou ao lado, com tudo para abrir o ativo.

Nessa altura, e porque Diney já tinha ficado também perto de marcar na recarga a uma bola largada por Marco, parecia que o golo insular seria uma questão de minutos. Puro engano.

Alicerçado nas investidas de Pedro Silva e nos bons apontamentos do ponta de lança Djibril (jogador a seguir), o Lusitânia equilibrou, ameaçou e quando Luís Ferreira apitou para o intervalo já o resultado era completamente aceitável.

O segundo tempo, de resto, teve condimentos bem diferentes. Porque o Lusitânia já estava adaptado àquilo que o Marítimo mostrava e porque a equipa de Ivo Vieira, tendo mais bola, não conseguiu empurrar o adversário para a sua baliza.

De tal forma que até acabou reduzida a dez jogadores, por expulsão de Diney. Dois amarelos em dez minutos. O primeiro por pontapear a bola com o jogo interrompido, o segundo por travar Djibril num contra-ataque rápido.

Faltava jogar meia hora e o Marítimo teria de dar tudo para evitar o prolongamento que os da casa faziam por merecer. Mas perdeu-se entre a garra e vontade dos homens de amarelo e negro.

De tal forma que a surpresa total esteve para ser consumada ainda antes do minuto 80 quando, em dois lances de Pedro Silva, Djibril, primeiro, e Maxence, depois, ficaram a centímetros de emendar para uma baliza deserta.

Ivo Vieira apostou tudo no final lançado Éber Bessa e Dyego Sousa, a dez minutos dos 90, mas o futebol da sua equipa não foi suficiente para a fé dos de Lourosa. E, assim sendo, só podia dar prolongamento.

Aí veio o golo de Ruben Ferreira, já depois de Marco, por duas vezes, ter evitado que fosse Éber Bessa a festejar. A somar ao estouro físico da equipa de Lourosa e à própria quebra anímica, o jogo ficou decidido. O golo de Marega não serviu para mais do que confirmar um triunfo que já estava escrito desde o pontapé certeiro do lateral.

Para os da casa fica o prémio de obrigar um primodivisionário a suar como, provavelmente, não esperava. Para o Marítimo fica a fatia mais importante do bolo e aquela que, naturalmente, queria desde início: a passagem à 4ª eliminatória.