Duas vitórias – ambas no Bessa -, um empate e três derrotas. Assim vai o FC Porto em 2016, a acumular episódios traumatizantes e resultados poucos dignos para um clube de dimensão universal.

Em Famalicão, com José Peseiro na bancada a tirar notas, mais uma noite para esquecer rapidamente e a confirmação do adeus à Taça da Liga.

Mudam os jogadores, muda a configuração – tímida aproximação ao 4x1x3x2 (Suk e André Silva na frente) -, perduram os males identificados e repetidos meses a fio. A transformação em curso, após a demissão de Julen Lopetegui, é dolorosa e deixa marcas num dragão desprovido de crença e amor próprio.

Honra aos vencedores, naturalmente, um Famalicão organizado e cauteloso, a quem bastou uma postura de expetativa concentrada e um lance de bola parada para vergar esta versão desafinada e desinspirada do FC Porto. Os minhotos ainda têm hipóteses de seguir em frente na prova.

FICHA DE JOGO E A PARTIDA VISTA AO MINUTO

Daniel Ramos percebeu o óbvio. Nos dias que correm, para parar a circulação previsível do Porto, recuar as linhas e bloquear os espaços interiores é um excelente começo de conversa. O resto, naturalmente, é decidido em duelos individuais ou em bolas paradas.

Em jogo corrido, insistimos, este FC Porto tem dificuldades quase comoventes em criar perigo. A exceção esteve nos 0-5 aplicados ao Boavista no Bessa, onde a equipa se aproximou dos níveis que se exigem aos campeões.

O duelo de Famalicão pouca informação positiva levou ao caderno de apontamentos de José Peseiro.

Os laterais Victor Garcia e José Ángel tiveram uma noite positiva, Rúben Neves e Sérgio Oliveira confirmaram ter muito potencial, André Silva quis fazer tudo e tudo muito depressa, e os últimos dez minutos de Suk (em estreia) deixaram a curiosidade no ar.

O restante, do ponto de vista do FC Porto, foi francamente pobre. Mesmo com a atenuante importante das 11 mexidas na equipa inicial, em relação à derrota de Guimarães.

DESTAQUES DO JOGO: Garcia e Ángel, os menos maus

Os defeitos do costume, a mesma fragilidade emocional (isto é tudo tristeza?), a mesma incapacidade para reagir com fervor ao golo sofrido.

E já que estamos a falar do momento definidor do jogo, olhemos para ele com mais atenção: Mauro bate o livre sobre a direita, a bola sai inofensiva e a movimentação de Chico confunde defesas e Helton, com o guarda-redes a ficar muito mal na jogada.

No futebol profissional é difícil aceitar momentos destes.

Se dúvidas houvesse, a terceira derrota em 2016 provou a José Peseiro que a tarefa de recuperar este FC Porto – a todos os níveis – será dura e ingrata. A montanha cresceu mais um bocadinho com a dececionante exibição em casa do histórico FC Famalicão.