A ditadura do golo manda no futebol. Não adianta querer, tentar, produzir se a bola não entrar e em Moreira de Cónegos viu-se, este domingo, mais um exemplo. O Felgueiras caiu aos pés do Moreirense sucumbindo a cada golo do rival e enterrando-se num poço que o mesmo não tinha feito por cavar. O Moreirense ganhou bem, sublinhe-se, mas os números não mostram o que foi o jogo, sobretudo no primeiro tempo, já que ao intervalo o duelo estava decidido. Os golos da casa contrariaram os indicadores positivos da equipa do Campeonato de Portugal. E, no futebol, ainda é o que conta. O 5-2 final é pesado, motiva os homens de Sérgio Vieira e serve de lição para o Felgueiras.

Entrando em campo com um onze experiente, com jogadores da craveira de Ricardo Fernandes, Desmarets, Alex Porto ou Márcio Paiva, o Felgueiras foi atrevido quanto baste. Não no esquema, um conservador 4-1-4-1, com o campeão europeu Ricardo Fernandes como unidade mais ofensiva, mas na postura, pressionante e aguerrida, perante um rival bem mais cotado.

Sérgio Vieira segue invicto ao comando do Moreirense, com um empate para a Liga e vitórias para Taça da Liga e, agora, Taça de Portugal. O jogo mostrou que nem tudo é perfeito (o tempo de trabalho também não é muito), mas uma equipa eficaz está sempre mais perto de vencer e, nesse capítulo, o jogo correu muito bem ao Moreirense.

O Felgueiras, é verdade, apesar da postura, só mesmo de bola parada ficou mais perto de marcar, no primeiro tempo. A mais flagrante das ocasiões foi defendida de forma soberba por Jhonatan, quando um involuntário desvio de Arsénio para a própria baliza quase transformou em golo um canto de Ricardo Fernandes.

Menos sorte teve, então, a equipa de Horário Gonçalves, em lance similar. Rúben Lima levantou o canto e Goba desviou, subtilmente, para o fundo da sua baliza, começando a desmontar a estratégia da equipa e catapultando o rival.

O Felgueiras nem reagiu mal ao golo, rondou a área e assustou num remate de André Rodrigues que não levou a força e a direção pretendida, mas, em cima do descanso, o Moreirense matou o jogo. Em dois lances. Primeiro, Arsénio aproveitou um centro de Rúben Lima que Tozé intercetou para o 2-0 e, no último lance antes do intervalo, Neto fez o terceiro, com um remate colocado à entrada da área.

Dois atos que tudo decidiram. Percebeu-se ali que o vencedor estava encontrado, pesa a boa vontade dos homens de Horácio Gonçalves.

Perante este cenário, pouco mais restava ao Felgueiras do que tentar um final de jogo digno, sendo que o Moreirense também não estava para grandes correrias, pois claro. Assim, o segundo tempo começou com poucos motivos de interesse, exceção feita a um remate de Patrick, uma das armas usadas por Horácio Gonçalves, às malhas laterais e a outra de Neto, do outro lado, que rasou o poste. Depois vieram os golos. Uns atrás dos outros. Mesmo em ritmo baixo.

Foi assim que Tozé perdeu uma bola em zona proibida e permitiu ao Felgueiras marcar pela primeira vez, por Cláudio Ribeiro, outra das soluções que partiram do banco visitante. Porém, Frederic Maciel, também ele um suplente utilizado, mas do Moreirense, fez o melhor golo da tarde, pouco depois de entrar e acabou com qualquer esperança de reação. A grande penalidade que Ricardo Fernandes converteu em cima da hora serviu apenas para tentar maquilhar o resultado e dotá-lo de números mais condizentes com o que se viu no relvado, mas o mesmo Fréderic não deixou e esticou o jogo até um 5-2 gordo em demasia.

O triunfo do Moreirense nunca esteve, porém, em causa. Muitas vezes é assim: justifica-se os triunfos depois de começar a marcar. Golo a golo, o Moreirense foi desmoronando o Felgueiras e marcou lugar no sorteio dos oitavos de final.

FICHA DE JOGO

Árbitro: Manuel Oliveira (AF Porto)

MOREIRENSE: Jhonatan, Sagna (Koffi, 80), Iago, Abarhoune e Ruben Lima; Neto, Bruno Ramires (Alfa Semedo, 58) e Tozé; Arsénio (Frederic Maciel, 80), Peña e Zizo.

Suplentes do Moreirense: Felipe, Alan Schons, Bilel, Hichem

FELGUEIRAS: Paiva, Xavi (Alex, 74), Nani, Vítor Pinto e Huguinho; Cuca, Alex Porto e Ricardo Fernandes; Desmarets (Patrick, 46), Goba (Cláudio Ribeiro, 58) e André Rodrigues.

Suplentes do Felgueiras: Zhelizko, Ginho, Sardinha, Diogo Torres

Golos: Goba, pb (24), Arsénio (43), Neto (45), Cláudio Ribeiro (79), Frederic Maciel (83 e 90), Ricardo Fernandes (89)

Disciplina: amarelo para Bruno Ramires (25), Neto (31), Xavi (38)

Ao intervalo: 3-0