Pequenos crimes entre amigos. Recompensa de diversão, prazer e mão cheia de golos. Golpes simples, sem estratégia nem planos de mestre, assaltos a uma estrutura estática, desarmada e vigiada por sombras inofensivas.

O FC Porto chega de barriga cheia ao clássico da Luz. Está nos quartos-de-final da Taça de Portugal.

Saíram nomes indiscutíveis, entraram outros em busca de capital de confiança. Fonseca mexeu, apostou em arrombar cedo o frágil cofre vindo da Tapadinha e o jogo foi um passeio de pistola na mão. Deu para tudo. Para por a conversa em dia, bocejar e fazer seis golos.

O Atlético, respeitável histórico do nosso futebol, foi o que o seu treinador quis. Um bloco de cimento armado, incapaz de reagir, emoldurado no meio-campo defensivo. Péssimo em todos os vetores do jogo, por mais simpáticos que queiramos ser.

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Estamos a falar de um conjunto da II Liga, profissional, e não de um grupo de amadores apaixonados, chegados dos distritais e deslumbrados pela beleza do Dragão. A crítica é, por isso, dura e inflexível.

Já nenhuma equipa, por muitas limitações que tenha, joga nesta espécie de 4x6x0. O experiente professor Neca decidiu assim e decidiu mal. O Atlético quis defender, defender e regressou a Lisboa com seis golos na baliza.

Ao intervalo, já vergado, nada mudou. Não é fácil perceber o que pretendeu Neca deste jogo.

O FC Porto, enfim, aproveitou com seriedade e profissionalismo as facilidades imprevistas. Quis fazer um golo cedo e conseguiu-o. Varela aproveitou um erro enorme do guarda-redes Filipe Leão e inaugurou o marcador. Mais tarde faria de cabeça o quarto dos azuis e brancos.

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Entre um e outro houve tempo para Kelvin bailar e proporcionar a redenção de Steven Defour e, já no segundo tempo, Fábio Marinheiro afogar ainda mais o Atlético com um autogolo.

Fonseca geriu os ativos, deu meia parte a Alex Sandro e Danilo, experimentou Ricardo a lateral direito e mais minutos a Diego Reyes. Tudo tão simples, como se de um mero treino de descompressão se tratasse.

Otamendi, num desvio de cabeça, e Kelvin, o menino querido das bancadas, encerraram o roubo à baliza do Atlético, já na fase final. Sem gotas de suor, nem ares de sacrifício.

Como se tudo não tivesse passado de uma tarde cheia de brincadeiras e sorrisos, como se tudo tivesse sido um punhado de pequenos crimes entre amigos.