A FIGURA: Kelvin
O bailado e o cruzamento do segundo golo são o reflexo perfeito do futebol de Kelvin. Pelo menos da melhor versão desse futebol. Magia, irreverência e criatividade ao dispor e em nome da equipa. O público perdoa-lhe mais do que nunca os exageros mas, é justo dizê-lo, Kelvin é nesta altura muito mais futebolista do que era há um ano. Sabe quando entregar a bola e sabe quando deve importunar o contrário. Os pequenos exageros nunca desaparecerão e essa, para quem gosta de espetáculo, é uma boa notícia. Aproveitou bem a oportunidade e fechou as contas no minuto de que mais gosta.

NEGATIVO: futebol de distrital
O histórico Atlético merece o maior respeito de todos que gostam de futebol. Estas críticas não vão para o clube, mas sim para a estratégia delineada pelo seu treinador para este jogo. Incompreensível. Tudo recuado, avançados nem vê-los, pouca ou nenhuma vontade de jogar. O emblema da Tapadinha milita num escalão profissional e perdeu uma boa oportunidade de valorizar alguns dos seus ativos. Jogou como se fosse um clube dos distritais.

MOMENTO DO JOGO: frango de Leão
Minuto 26, resistência do Atlético quebrada com um erro garrafal do guarda-redes Filipe Leão. A bola rematada vinha mansinha, mansinha, mas passou por baixo de Leão e transpôs devagarinho a linha de golo.

OUTROS DESTAQUES:

Varela
Beneficiou de um erro gigante de Filipe Leão para inaugurar o marcador, fez o quarto num desvio de cabeça e ainda esteve na origem do terceiro. Uma tarde simples e divertida para um homem capaz de impressionar por razões radicalmente distintas. Chega em bom nível ao clássico da Luz.

Steven Defour
Tem gritado ao mundo o desejo de partir. Triste, desanimado, insatisfeito por não jogar mais. Paulo Fonseca não gostou dos desabafos públicos. Disse-lhe na cara e entregou-lhe a titularidade na taça. Defour respondeu com profissionalismo, atitude, muita vontade e um golo pleno de oportunismo. Ninguém lhe podia exigir mais no imediato.

Ricardo
Mais um extremo a adaptar-se rapidamente à posição de lateral. Há vários exemplos felizes no passado, como Miguel e Fábio Coentrão, e talvez Paulo Fonseca esteja a pensar fazer o mesmo com Ricardo. Mais à frente, na verdade, será muito difícil que jogue no FC Porto. Principalmente com a chegada de Quaresma. Tem velocidade, caráter e pode ser a médio prazo uma opção séria para o lugar. Apoiou bem o ataque, cruzou um par de vezes e resolveu sem problemas os escassos problemas defensivos.

Diego Reyes
É difícil analisar a exibição do central, tal a pobreza do oponente. Percebe-se que tem bom toque de bola, é elegante, joga de cabeça levantada e... pouco mais. Precisa de testes realmente exigentes para se perceber o que vale.

Pedro Caipiro e João Mário

O lado direito do Atlético foi a única coisa boa mostrada pelo clube da Tapadinha no Dragão. Dois nomes a justificar um acompanhamento atento no futuro.