Era um dia especial e tornou-se mágico, mas pode vir a ser histórico. A vitória do Liverpool sobre o Manchester City num momento em que se presta homenagem aos 96 mortos na tragédia de Hillsborough, precisamente há 25 anos, serve para demonstrar que o título pode estar muito perto de ser conquistado pela equipa de Steven Gerrard. 

Tudo começou nos instantes que antecederam o jogo, incluindo o tributo com o minuto de absoluto silêncio. Momentos mágicos de abnegação pelo clube, com o imperdível «You will never walk alone», felizmente captados por um dos adeptos que viu o jogo no Kop e partilhou o video no Youtube. São dez minutos incríveis:


Líderes da Premier League, os reds sabem que acabaram de ultrapassar uma enorme montanha, mantêm vantagens para a concorrência e terão de ser fortes para saber ultrapassar o Norwich na próxima semana para depois receberem o Chelsea dentro de quinze dias no seu estádio, naquele que será verdadeiramente o jogo do título.

A equipa de Mourinho, ainda a descomprimir da intensa eliminatória da Liga dos Campeões com o Paris Saint-Germain, foi ao sul de Gales vencer o modesto Swansea pela margem mínima e continua bem vivo nesta corrida, muitas vezes com serviços mínimos e procurando não continuar a errar quando menos se espera. 

Após duas derrotas seguidas fora de casa (Aston Villa e Crystal Pallace), era absolutamente vital triunfar este fim-de-semana. Na próxima jornada, os blues recebem o frágil Sunderland e vão procurar conservar a distância de dois pontos para o Liverpool, tendo em vista ir a Anfield garantir o assalto ao primeiro lugar.

Por fora continua a correr o Manchester City, que após esta derrota ficou a sete pontos do Liverpool, mas tem dois jogos em atraso (Sunderland e Aston Villa, em casa) e caso os vença volta a estar junto ao líder, podendo inclusivamente usufruir do confronto direto entre os outros dois candidatos para ultrapassá-los nesta louca corrida.



Anfield é um palco mágico, mas neste domingo as bancadas coloriram-se especialmente para assinalar a tragédia de Hillsborough. Temia-se que a carga emocional pudesse prejudicar a atuação da equipa da casa, mas antes serviu de impulso e todas aquelas bandeiras coloridas do Kop encheram os corações de quem entrou em campo para conquistar a vitória, principalmente no período em que o Liverpool teve de sofrer para conter o ímpeto do adversário. Jogaram como campeões, mas terão de continuar a mostrá-lo nas próximas semanas até ao fim do campeonato.

O golo de Philippe Coutinho, a doze minutos do final do encontro, foi como um grito de revolta, uma enorme explosão de emoções que conseguiu tirar do sério o técnico Brendan Rodgers, que desatou numa corrida louca em celebração. No final, o ex-adjunto de Mourinho não quis dar como certa a aproximação ao 19º título de campeão do clube.

Do outro lado, a desilusão, ainda para mais quando o 3-2 surge na sequência de um erro tremendo de Kompany, que alivia mal uma bola e coloca-a nos pés de Coutinho. O defesa-central belga, «capitão» do Manchester City, já perdeu muitas batalhas e nunca desistiu de lutar. É assim que enfrenta o erro.
Mas, o que interessa mesmo agora é olhar para as imagens de celebração e perceber como este Liverpool pode regressar aos títulos. Para quem gosta de futebol e segue de perto o campeonato inglês, não deixa de haver uma certa simpatia pela causa e nomeadamente por Steven Gerrard, um grande jogador a quem falta ser campeão no seu país. O próprio Lineker admite que gostaria de ver esse desfecho para a liga.

Gerrard está sempre no centro desta discussão e é ele quem mais sente o clube. No final do jogo com o Manchester City foram percetíveis as suas lágrimas de emoção pela vitória neste dia, por prestar a homenagem certa às vítimas de Hillsborough e por permitir que a equipa continue a sonhar com o título.

As câmaras de televisão captaram um momento incrível no final do encontro, em que perante um estádio em euforia o «capitão» juntou a equipa e passou a mensagem essencial: «Ouçam, este já foi. Vamos a Norwich. É exatamente a mesma coisa. Vamos juntos. Vamos lá!»

Mais calmo, em declarações à Sky Sports, admitiu que foi um jogo muito difícil a nível pessoal. «Foram muitas emoções, mas temos de manter a calma. Vêm aí quatro grandes jogos. Foram os 90 minutos mais longos que joguei. Estava sempre a conferir quanto tempo faltava para o fim e ficava com a sensação que o relógio estava a andar para trás», disse, garantindo: «Não está nada garantido».

Apito final, era tempo de celebrar no balneário, como partilharam vários jogadores nas redes sociais:







Menos efusivos foram os jogadores do Chelsea após a cinzenta exibição no País de Gales e a vitória utilitária sobre o Swansea (1-0). O triunfo permite manter a pressão sobre o Liverpool e adiar a decisão do título para daqui a duas semanas, quando ambos se encontrarem em Anfield.

As reações nas redes sociais não falaram de título, apenas no momento decisivo de Demba Ba.