Guimarães, terra de futebol, jamais aceitará de ânimo leve a possível descida de divisão. Na noite que antecedeu o feriado do 1 de Maio, os adeptos estavam desolados e enfurecidos com a derrota no Dragão, que coloca a equipa à beira do abismo e com pé e meio na Liga de Honra. As cenas tristes que se seguiram à chegada a «casa» duraram até de madrugada e em clima de terror.
Aproximavam-se horas de «tempestade». Fosse no centro de treino, no estádio ou no Hotel de Guimarães (local de estágio), centenas de adeptos cerraram fileiras. Os sinais de descontentamento, desilusão e fúria tomaram conta do (desassossegado) berço vimaranense. Por avanço, a Polícia de Segurança Pública mobilizou cerca de 40 homens armados, destacados para os locais «quentes» da cidade, quando já havia vários agentes infiltrados na turba.
E quando a comitiva vitoriana chegou ao Hotel, vinda do Porto, o presidente Vítor Magalhães e os jogadores foram fortemente sovados com insultos de toda a natureza. Mas o pior estava para vir.

Momentos de terror
Em função da exaltação, os jogadores abandonaram a unidade hoteleira em pequenos grupos e de carro. A maioria optou por uma saída discreta. Svard, ao volante, fora o único a optar pela via da frente, um percurso que «encerrava» armadilhas. A seu lado, Geromel e Rivas viam um magote imenso de adeptos vandalizar a viatura com socos e pontapés. Houve até um adepto que largou o seu automóvel em plena estrada para «atacar» o carro do dinamarquês que, a custo, ultrapassou a barreira humana e seguiu viagem. A Polícia, chamada a intervir, sanou o foco de violência.
Mais tarde, novos episódios sublinhados a negro ganhariam expressão. Alguns jogadores vitorianos foram «visitados» nas suas residências, o que obrigou a Polícia a patrulhar a zona e a pôr cobro a estes episódios tensos de descontentamento futebolístico. Antchouet e Benachour, por exemplo, foram «evacuados» de suas casas e, por prudência, houve até quem tivesse optado por descansar a noite/dia fora da cidade. Feita a desmobilização, a madrugada aproximava-se e havia lágrimas a cair pelo rosto de alguns jogadores. O Maisfutebol estava lá. O choque era evidente. A noite sinistra e nervosa fora de grande decepção e tristeza para todos.
Retomar a vida
Afigura-se difícil acalmar as vozes críticas do universo vitoriano e a semana será difícil, face à prolongada curva de desaires que levou o V. Guimarães a uma situação impensável na Liga, ainda que a contestação já venha de longe. Em zona crítica, o plantel descansou esta segunda-feira e começa amanhã a preparar a última jornada do campeonato, frente ao E. Amadora, com os níveis de contestação ampliados para voltagens pouco recomendáveis.