O Sporting foi incapaz de vencer um jogo no qual durante muito tempo só teve uma ideia: colocar bolas na área e esperar que Slimani fizesse um milagre.

O argelino, já se sabe, ressuscita qualquer bola morta, e ao intervalo a estratégia até estava a funcionar. Slimani ganhou, por exemplo, uma bola no ar que Kieszek defendeu e Adrien transformou em golo na recarga, numa jogada mal anulada. Logo a seguir ganhou outra bola no ar que permitiu a Kieszek brilhar com o que parecia ser outra grande defesa: o árbitro considerou ter sido já dentro da baliza.

As repetições não permitem ter certezas absolutas, num de muitos casos em que este jogo foi fértil. Na segunda parte, por exemplo, houve dois penálties mal assinalados, um para cada lado, e o Sporting ainda se queixou de mais dois penálties por assinalar. 

Foi uma arbitragem cheia de erros, portanto: é verdade que o Sporting até pode levar mais queixas do árbitro, mas voltamos à conversa de sempre. Foram erros: daqueles que ninguém está isento de cometer. Por aqui estamos conversados. Ponto final.

Confira a ficha de jogo e as notas dos jogadores

Certo é que, lá está, o Sporting saiu para o intervalo a vencer graças àquela fé enorme no fantástico jogo de cabeça de Slimani. Mas é certo também que o resultado era enganador. O Sporting tinha sido demasiado pouco para um V. Setúbal que encheu o campo com velocidade, fúria e vontade.

Desde o início, aliás, que os sadinos entraram melhor e deixaram Patrício sob permanente estado de alerta. O guarda-redes foi até obrigado a entrar em jogo mais vezes do que Kieszek.

Nesta altura é impossível não fazer uma curva no fluxo desta crónica para dizer que as apostas de Jardim estiveram longe de ser felizes. Slimani justificou plenamente a titularidade, e por aí não há discussão possível, mas a troca de André Martins por Gerson Magrão tornou-se polémica.

Até porque não foi apenas uma troca de homem por homem: a presença de Gerson Magrão obrigou Adrien Silva a subir no terreno, afastou-o ligeiramente da zona onde o jogo mais se discute e, aproximando-o da linha defensiva adversária, retirou-lhe também espaço para pegar na bola e organizar todo o futebol da equipa.

Ora com Gerson Magrão no lugar de Adrien, ele que não deve ter nem um terço da intensidade do português, até William se ressentiu. O meio-campo leonino raramente pegou no jogo.

O V. Setúbal, por outro lado, sentiu-se muito confortável e encheu a primeira parte. João Mário e Pedro Tiba deram energia ao futebol sadino, Zequinha e Ricardo Horta esticaram o jogo e o Vitória rematou várias vezes com perigo.

Slimani e Ricardo Horta: confira quem se destacou mais

Mesmo quando Leonardo Jardim corrigiu o erro já na segunda parte e trocou Gerson Magrão por Montero, partindo o jogo e ganhando algum ascendente territorial, o V. Setúbal continuou a criar perigo. Ricardo Horta ficou por exemplo muito perto de marcar. O V. Setúbal nunca foi uma equipa encolhida, portanto.

Tornou o espetáculo entretido e valorizou a tarde de 11 749 adeptos..

É claro que o Sporting era nesta altura muito mais equipa, tinha mais posse de bola e ficou perto do golo também em remates de Montero e Capel.

As alterações de Leonardo Jardim fizeram bem à equipa e o Sporting, acossado por aquela urgência de quem vê o jogo a aproximar-se do fim, pressionava o adversário. Pressionou tanto que marcou: de penálti por falta sobre Capel. Adrien não falhou.

A vantagem durou pouco tempo: logo a seguir outro penálti permitiu ao V. Setúbal voltar a empatar e dar ao jogo um resultado mais justo. 

Feitas todas as contas e as deduções à coleta, o Vitória mostrou ser uma equipa atrevida, confiante, muito forte no Bonfim, o Sporting reagiu bem na segunda parte, mas não foi a tempo de ganhar. Toda a gente se pode queixar de muita coisa, mas ninguém pode dizer que o resultado seja escandalosamente injusto. Nem sequer que não foi um belo jogo de futebol.

Curiosidade: o V. Setúbal continua sem perder em casa em 2014. Sintomático.