Wilson Eduardo passou em revista, em entrevista ao Maisfutebol, a temporada ao serviço da Académica, dos altos e baixos, passando pela Liga Europa, e terminando nos desejos individuais concretizados.

Que balanço faz desta época?

Tivemos altos e baixos. Começámos muito bem o campeonato, mas, a meio, tivemos uma quebra de forma, com uma série de jogos sem ganhar. Conseguimos o objetivo a que nos tínhamos proposto no início da época e penso que isso é o mais importante.

Não vos fica, ainda assim, a sensação de que o poderiam ter conseguido com outro brilho?

Claro que sim. O ponto mais baixo foram os jogos com equipas do nosso campeonato. Terá sido algum excesso de confiança, não estivemos tão concentrados como diante das equipas grandes. Foi o nosso maior erro. Conseguimos boas exibições diante dos grandes e, depois, quando enfrentávamos equipas que lutavam pelo mesmo que nós, e até outras com objetivos que tínhamos qualidade para atingir, cedemos. Quando assim é, claro que temos de sofrer até ao fim.

A sobrecarga de jogos, motivada pela Liga Europa, também teve influência?

Penso que não. Até porque, se bem me lembro, a equipa às vezes rodava. Lembro-me de jogar em Madrid e, logo a seguir, com o Sporting, mudaram seis jogadores. Sabíamos que era uma prova nova para a maior parte dos jogadores e uma ótima motivação para nós.

Terá sido, aliás, um dos motivos que o levou a vir para a Académica?

Também foi a primeira vez para mim. Teve um peso grande, não vou mentir. Tinha algumas propostas, no início da época, e depois da pré-época ter acabado tive outras, para clubes portugueses e para fora, mas falei com vários colegas que passaram por aqui, como o Adrien, Cédric e até o David Simão. Só me falaram coisas boas. Além disso, a equipa técnica já me queria há algum tempo. Foi uma escolha acertada.

Acabou por vir confirmar aquilo que lhe haviam dito do clube?

Não só em termos de clube, instituição, como também a cidade. Os adeptos são fantásticos e acompanham-nos por todos o lado. Mesmo quando a equipa estava menos bem. Para nós, jogadores, é o mais importante.

E em termos individuais, ficou com a sensação de que conseguiu atingir os seus objetivos?

Podia ter feito melhor. Tento sempre realizar o maior número de jogos possível e superar o número de golos da época anterior. Em termos gerais consegui, mas no campeonato não (apontou seis golos na Liga). No total, fiz mais quatro golos do que na temporada passada, e não posso ficar descontente com isso. Consegui contribuir, também, para que o nome da Académica fosse conhecido lá fora.

Como é que foi essa aventura de jogar a Liga Europa?

No início, se calhar, toda a gente pensava que seríamos o bobo da corte da fase de grupos, mas penso que demonstrámos que temos aqui uma equipa boa. Que em Portugal não existe só os três grandes mais um ou outro.

Foi o momento mais excitante da época para vocês?

Saber que íamos defrontar das maiores equipas da Europa acaba sempre por ser aliciante. Mais ainda a partir do momento em que soubemos que íamos jogar com o detentor do título. No primeiro jogo [em Plzen, República Checa], entrámos bem, mas, depois, a nossa falta de experiência acabou por se fazer sentir. A partir daí, creio que deixámos uma boa imagem da Académica. Fomos reconhecidos por sermos uma equipa pequena nesta competição, mas que terminou muito bem.

O ponto alto foi, sem dúvida, a vitória sobre o Atlético de Madrid...

Ninguém esperava que fosse a Académica a quebrar o ciclo de 15/16 jogos consecutivos que eles tinham sem perder. Foi muito bom.

Foi um dos momentos mais altos da sua carreira?

Claro. Como digo sempre, treino para fazer golos, mas não posso deixar de dizer que marcar ao Atl. Madrid tem de ser considerado como dos pontos mais altos da minha ainda curta carreira esta época, assim como aos três grandes.»