Wimbledon, ou só The Championships. O torneio de ténis mais tradicional do mundo termina este domingo com uma final de encomenda. Roger Federer, um dos maiores tenistas de todos os tempos com o regresso a número 1 do mundo à vista, frente a um jogador da casa. Andy Murray, o primeiro britânico a chegar à final em 73 anos.

Serena Williams venceu o torneio de senhoras, este domingo joga-se a final dos cavalheiros. É assim que se designam ainda e sempre as competições no torneio britânico, que leva as tradições muito a sério. São elas que fazem de Wimbledon o que é.

Wimbledon é uma história com 135 anos. Começou em 1877, é o grande torneio de ténis mais antigo do mundo, o único que se joga ainda em relva, a superfície original. Fez-se nos courts do «All England Lawn Tennis Club» muita da história do ténis, continua a fazer-se.

É o torneio mais especial para a grande maioria dos tenistas. Para o português Frederico Gil também. Ao Maisfutebol, Gil destaca «as tradições no clube», «a história que se sente», e o respeito. «A admiração das pessoas pelos jogadores é incrível», nota.

E, claro, o «dress code». É a tradição favorita do tenista português: «Jogar de branco.» Essa é uma das regras que são exclusivas de Wimbledon. Jogadores e jogadoras são aconselhados a usar equipamento branco ou «tendencialmente branco», e respeitam-no. Se não, estão lá os juízes para lhes lembrar.

Gil já jogou quatro vezes no quadro principal do torneio como senior, mas a recordação mais especial que tem de Wimbledon é mais antiga: «Foi convidar os meus pais e irmã para irem ver um jogo meu. Ir com seguranças para o court, passar o qualifying e ganhar duas rondas no torneio junior.»

Uma forma privilegiada de viver Wimbledon, claro. Mas que não inclui toda a experiência. Gil nunca provou, por exemplo, os morangos com natas servidos em profusão nos bares do All England Club, que são uma das imagens de marca do torneio britânico. «Vou experimentar da próxima vez», promete.

Da experiência como visitante pode fazer também parte a fila, para quem não tem bilhete adquirido com muitos meses de antecedência. Wimbledon é o único grande torneio que ainda tem alguns bilhetes reservados para o próprio dia. E há uma longa lista de regras para a «queue», a fila que se forma diariamente para esses bilhetes, que incluem respeito pelas outras pessoas na fila e proíbem coisas como tentar passar à frente ou guardar lugar para uma série de amigos.

Outra das tradições de Wimbledon é o dia de descanso. No domingo passado não se jogou, também não há mais nenhum torneio do Grand Slam que se dê ainda a esse luxo. Ou o facto de continuar a não ter publicidade no court. As únicas referências publicitárias são as dos marcadores eletrónicos.

Depois há, claro, a família real. O duque de Kent, primo da rainha, é o presidente do All England Tennis Club, e a família real é presença assídua no court. Até há pouco tempo os jogadores eram instruídos a fazer um sinal de reverência aos representantes reais presentes, mas essa tradição acabou por cair.

Wimbledon já deixou cair alguns outros costumes que se tornaram anacrónicos. Como chamar as tenistas pelo seu nome de casadas, por exemplo.

Embora faça gala das tradições, Wimbledon também soube actualizar-se. Em 2009 o court central ganhou uma cobertura. A decisão foi polémica, mas a utilidade é evidente. Acabaram as longas e frequentes interrupções por causa da chuva, pelo menos nos principais encontros.

A lista das coisas que só acontecem em Wimbledon podia continuar por aqui fora. Só mais uma. Rufus. Wimbledon tem um falcão de estimação, que está lá para manter os pombos longe dos courts. O atual desapareceu na primeira semana do torneio. Foi roubado do carro dos donos, e foi notícia por todo o mundo. Rufus acabou por ser entregue à polícia dias mais tarde, com direito a anúncio no Twitter, onde tem mais de dois mil seguidores.