Domingo, 11 de março não é uma data qualquer. Didier Drogba faz anos. Desta vez, o número é redondo: 40 anos celebra a melhor futebolista costa-marfinense de sempre e uma das maiores lendas da história do futebol africano.

Parabéns, Didier. Mas o que se pode dar de presente a personagem tão ilustre? O que oferecer a quem já tem tudo?

Talvez uma memória. E por que não a daquele que muitos consideram como um dos melhores golos da sua carreira?

O golo tão especial que começa numa oferta de Hilário. Uma raridade, portanto, que nos obriga a recuar a 17 de dezembro de 2006, à 18.ª jornada da Premier League.

O Chelsea corria atrás do resultado em Goodison Park e perseguia o Manchester United na tabela.

O Everton chegou ao intervalo em vantagem, graças a um penálti convertido por Mikel Arteta (38’), e quando as costas do guarda-redes Howard tornaram num autogolo um livre de Ballack, logo após no reatamento (48’), a equipa de David Moyes não tardou muito a voltar a colocar-se na frente no marcador: Yobo marcou aos 63’ e fez soar os alarmes dos Blues.

Os dez minutos finais, porém, seriam épicos para o Chelsea. Aos 80’, Lampard igualava o marcador num remate cruzado soberbo de fora da área.

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FICHA DE JOGO

EVERTON: Howard; Phil Neville, Yobo, Stubbs e Lescott; Davies, Carsley (Beattie, 90’) e Arteta; Osman; Johnson e Anichebe (McFadden, 90’).

Treinador: David Moyes.

CHELSEA:  Hilário; Geremi (Kalou, 46’), Boulahrouz (Bridge, 72’), Carvalho e Ashley Cole; Makélélé; Essien, Ballack e Lampard; Drogba e Robben (Shevchenko, 72’).

Treinador: José Mourinho.

Resultado: 2-3.

Golos: Arteta (38’, g.p.) e Yobo (63’); Howard (48’, a.g.), Lampard (80’), Drogba (86’).

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Seis minutos depois, o momento do jogo. O golaço de Drogba a resgatar o triunfo dos londrinos em Liverpool. Um golaço a quatro toques. Tudo começa numa reposição de Hilário, que nessa época cumpriu o mais longo período de titularidade na baliza dos Blues (18 jogos), substituindo os indisponíveis Cech e Cudicini.

Narração do golo:

Com a equipa em busca do golo da vitória, o guarda-redes português coloca uma bola longa no meio-campo adversário. Bate no relvado e sobra para a dividida. Shevchenko, que havia entrado minutos antes para o lugar de Robben, ganha de cabeça a Phil Neville, tocando para Drogba. O que se passa em seguida é um momento de futebol-potência. O costa-marfinense domina de peito e… BOOOOOM! Dois toques, um rocket a surpreender o norte-americano Tim Howard.

A única bomba que poderia ser projetada pelo herói que nesse ano havia parado a guerra civil no seu país – as armas calaram-se e o fogo cessou durante os jogos dos «Elefantes» no Mundial da Alemanha.

Golo com som ambiente:

2-3! Reviravolta no marcador e o que se segue é uma explosão de alegria: no relvado, com Drobga a deslizar de joelhos na relva, numa celebração que se tornara famosa, antes de ser abraçado por Ricardo Carvalho – o outro português no onze; Paulo Ferreira ficou no banco.

No banco, Silvino salta e José Mourinho corre pela linha lateral, fazendo lembrar aquele sprint histórico em Old Trafford na época em que conquistou a Liga dos Campeões pelo FC Porto.

O bicampeão Chelsea ficava a dois pontos do Manchester United, que nessa época acabaria por vencer o título.

«Por vezes, vamos para o relvado e as flores desabrocham, o céu é azul e tu jogas bom futebol e marcas golos. Mas se não consegues tocar boa música, podes pelo menos tocar alguma», disse Mourinho no final do jogo.

Hoje, dia do seu 40.º aniversário, Drogba bem pode soprar as velas ao som de «parabéns a você» e desembrulhar como um presente a memória de um dos melhores golos da sua carreira.