Os advogados de Jorge Ferreira divulgaram nesta terça-feira um comunicado a defender o árbitro face às recentes polémicas que o envolvem. Recorde-se que, dias após o P. Ferreira-Benfica, a GNR foi chamada ao restaurante do pai do árbitro, onde se encontravam adeptos do FC Porto, membros da claque SuperDragões

No comunicado assinado por Eugénio Martinho e Ernesto Novais, é salientado que as decisões de Jorge Ferreira no jogo de Paços de Ferteira «foram de acordo com a análise que efectuou dos respectivos lances».

«Não é nem nunca foi sócio fundador ou de outra qualidade, da Casa do Benfica de Fafe, que dista apenas umas dezenas de metros do estabelecimento de restauração propriedade do seu pai», garantem, acrescentando: «Enquanto árbitro, Jorge Ferreira, não é nem e nem pode ser adepto de nenhum clube.»

Na missiva, os advogados do árbitro consideram que a presença do grupo dos SuperDragões no restaurante do pai de Jorge Ferreira teve como objetivo «intimidar, coagir, ameaçar, insultar, difamar e condicionar Jorge Ferreira.»

Eis o comunicado na íntegra:

«O clima de crispação que se vive actualmente no futebol nacional, e que é diariamente fomentado por dirigentes desportivos, comentadores televisivos que intervém em representação dos clubes denominados “grandes”, treinadores e outros atores desportivos, que apoiados numa comunicação social que visa o aumento dos “shares” e a “venda” do seu produto, sem olhar a meios e consequências, coloca em causa a dignidade, a honra, o profissionalismo e a carreira, daqueles que acabam envolvidos, apenas porque por dever de ofício intervém no “espectáculo” que é o futebol.

Nesse contexto, Jorge Ferreira, conhecido árbitro de futebol, foi “protagonista”, por razões que bem dispensava, na sequência de uma arbitragem que efectuou ao jogo de futebol Paços de Ferreira-Benfica.

E a verdade é que, na sequência de insinuações, de calúnias, de falsidades que, nomeadamente o ligam à Casa do Benfica de Fafe, “incendiaram” alguns sentimentos clubísticos contra a sua pessoa, ao ponto de um grupo conhecido por integrar a claque dos “Super Dragões”, se ter dirigido a Fafe, ao restaurante propriedade do seu pai, com o intuito de intimidar, coagir, ameaçar, insultar, difamar e condicionar Jorge Ferreira.

Nesse contexto e após tudo quanto entretanto se referiu, quer Jorge Ferreira, deixar expresso o seguinte:

1-Está de consciência absolutamente tranquila quanto às arbitragens que ao longo da sua carreira efectuou, sendo que reconhece, como não poderia deixar de o fazer, que cometeu erros, os quais nunca o foram de forma intencional;

2-No jogo Paços de Ferreira-Benfica, efectuou a arbitragem nos termos e nos modos que todos puderam verificar, sendo que as suas decisões, sempre tomadas no ínfimo momento que possui para decidir, foram de acordo com a análise que efectuou dos respectivos lances;

3-Não é nem nunca foi sócio fundador ou de outra qualidade, da Casa do Benfica de Fafe, que dista apenas umas dezenas de metros do estabelecimento de restauração propriedade do seu pai;

4-Enquanto árbitro, Jorge Ferreira, não é nem e nem pode ser adepto de nenhum clube;

5-Jorge Ferreira repudia de forma veemente todas as declarações prestadas nos órgãos de comunicação social, pelos comentadores que levianamente se referem à sua pessoa, sem o conhecerem e fazendo afirmações falsas, que de forma evidente contribuíram para o episódio do dia de ontem e que podem continuar a contribuir para a degradação do futebol nacional;

6-É momento de “calarem” aqueles que usam os órgãos de comunicação social para nos “brindarem” com os vergonhosos espectáculos de insultos, de falsidades e de poucas vergonhas, que vão transmitindo aos mais jovens sentimentos perversos, que têm que ser combatidos;

7-É também momento, para que os clubes de uma forma séria, digam de uma vez por todas se concordam com o comportamento dos elementos que compõem as suas claques, que recorrentemente ameaçam e tentam coagir, árbitros de futebol, onde Jorge Ferreira se inclui;

8-Relativamente a uns e a outros, Jorge Ferreira, nos próximos dias, conjuntamente com os seus advogados, irá ponderar o comportamento a adoptar, designadamente se vai recorrer à via judicial, para defender a sua integridade física, a sua honra, a sua dignidade e a sua carreira profissional, de que tanto gosta e pela qual diariamente luta;

9-Reafirma a todos que sempre desempenhará as suas funções como árbitro, com o maior zelo e diligência que lhe for possível, e que nunca agirá com o intuito de prejudicar qualquer que seja o clube;

10-Por fim, Jorge Ferreira, acredita que este clima irá naturalmente desanuviar-se, se todos, mas todos os que amam o futebol e o desporto em geral, deixarem de pactuar (mesmo quando o seu clube está em causa), com formas provocatórias e difamatórias, que a ninguém servem.

11-Haja coragem para acabar com a maledicência, que se tem tornado um “vício” sobretudo televisivo. Coloquem gente respeitadora e educada a comentar o futebol, como colocam quando se trata de outros assuntos.

FAFE, 2016 FEVEREIRO 23

OS ADVOGADOS,

Eugénio Marinho

Ernesto Novais»