A maior incerteza para este jogo prendia-se com a estrutura tática com que o Benfica se apresentaria em jogo, tendo em conta a utilização recente de um sistema com três defesas. Contudo, tal como Ruben Amorim anteviu, o Benfica voltou ao seu esquema mais rotinado com uma linha a quatro, optando por colocar Aursnes a lateral direito e adaptando Morato a lateral esquerdo. Do lado do Sporting nenhuma novidade.

Conhecendo-se bem o estilo de jogo característico de ambas as equipas, esperava-se um jogo aberto, de alta intensidade, com muita pressão, com muitos duelos, com boa capacidade com bola para desorganizar os adversários e muito equilíbrio. E assim foi.  

1. Benfica entrou forte na pressão e na reação à perda

As duas equipas entraram com intenção clara de pressionar muito alto a fase de construção adversária para limitar o seu jogo ofensivo. Grande parte do tempo foi um equilíbrio constante entre o sucesso da pressão e a capacidade de ambos saírem com sucesso dessa pressão. Por isso não se viu um domínio de nenhuma das equipas, mas apenas alguns momentos de ligeira superioridade de cada uma: Benfica com melhores momentos inicialmente, com boa capacidade de pressão e reação à perda muito forte, o Sporting tentando pressionar inicialmente com Matheus Reis mais alto e com Pedro Gonçalves numa linha mais próxima de Gyökeres, tentado saltar em António Silva e direcionar os ataques mais para o corredor esquerdo do Benfica. Os dois médios leoninos ajudavam na pressão, chegando-se muito à frente.

2. Recuos de Rafa a desequilibrar a constância em posse

O Benfica apresentou a mobilidade habitual dos jogadores, com Florentino e João Neves a procurarem linhas de passe diferentes, com Neves a baixar muitas vezes à largura na linha defensiva para construir. João Mário e Di Maria alternaram posicionamentos dentro e fora, e Rafa Silva baixava bastante no corredor central, para mais perto de Neves e Florentino.  Algum sucesso do Benfica em superar a pressão ia partindo desta capacidade de ligar com Rafa e da capacidade de Neves para ultrapassar a pressão.

No lado aposto, a pressão do Benfica não foi muitas vezes no seu 4x4x2 habitual. Para pressionar alto a construção a três do Sporting, um dos alas (normalmente Di Maria sobre Inácio) subia para a linha dos avançados para pressionar o defesa do Sporting mais aberto. Alem disso o Benfica contava ainda com a capacidade de pressão, e de cobrir muitos metros no campo, de Florentino para pressionar numa linha bem mais à frente que Neves para controlar os médios do adversário.  

3. Sporting cresceu com capacidade de criar jogadores livres nas costas

O Sporting cresceu quando começou a conseguir desbloquear em construção curta a pressão do Benfica. Sendo capaz de atrair os jogadores encarnados, aguentando a pressão, criando situações de jogadores livres nas costas da primeira linha de pressão e usando o espaço à largura para avançar com velocidade sobre a linha defensiva adversária.  O Sporting ligava com os médios e depois encontrava os jogadores mais avançados (Pedro Gonçalves, Edwards e Gyökeres) dentro da estrutura defensiva do Benfica.

O jogo mantinha-se equilibrado, com várias perdas de bola dos dois lados e com alguns momentos de transição. Seria, aliás, num momento desses que a equipa leonina ia chegar à vantagem, após uma perda de bola do Benfica: e na primeira vez que Gyokeres consegue receber uma bola no espaço (umas das suas fortes características).  

4. Benfica ao intervalo ajusta-se para explorar mais o lado direito

A segunda parte começou com o Sporting a mostrar querer assumir a bola e continuar a desbloquear a pressão adversária. O Benfica fez alguns ajustes de forma a explorar mais o corredor direito, algo que pouco conseguiu na primeira parte. Rafa apareceu a jogar mais alto e com intenção de cair mais para o corredor direito, ajudando a forçar mais ataques por esse lado, fosse em combinações, fosse no ataque à profundidade.  Mais uma vez uma perda de bola/transição levou a um momento-chave do jogo: a expulsão de Inácio após perda de bola e aceleração do Benfica sobre esse corredor. 

 O Sporting teve de se reorganizar, passou a jogar em 5x3x1, baixou mais as linhas, deixou de pressionar a construção do Benfica, que obviamente passou a dominar e a tentar empurrar o adversário para junto da sua baliza. O Sporting foi mantendo a sua capacidade defensiva e evitando muitas situações claras, tentando usar Gyokeres, fosse na profundidade, fosse em condução de bola sob a linha defensiva, para ir ameaçando em contra-ataque.

5. Benfica não consegue desorganizar o Sporting e carrega com homens na área

O Benfica continuou a tentar carregar muito sobre o corredor direito, com mobilidade, com toque de bola e trocas de posição, mas sem desorganizar muito a estrutura defensiva. Ia tentando chegar muito por cruzamentos. Desta forma as substituições foram no sentido de colocar mais jogadores na área e continuar carregar dessa forma, tentando abrir um pouco mais o jogo para os dois corredores.

O Sporting foi ficando cada vez mais atrás, gerindo essas situações de perigo dessa forma, tentando ajustar-se para defender a maior quantidade de jogadores do Benfica colocados na área à espera do cruzamento. O registo de jogo não mudou e já nos descontos o Benfica virou o resultado numa bola parada e num desses lances de cruzamento sobre o lado direito, que tanto tentou durante a segunda parte.