Slaven Bilić já provou ser flexível na arrumação das suas equipas, variando entre o 4-1-3-2, 4-2-3-1, 4-3-3 e 4-4-2, sempre com alguma alteração menos ortodoxa. O técnico não acredita na importância de sistemas rígidos e atribui muito mais ênfase às ações e indicações individuais. É um dos poucos treinadores capazes de utilizar cinco ou seis jogadores ofensivos ao mesmo tempo, embora no caso da Croácia esse dado resulte mais de uma necessidade do que de uma intenção assumida de jogar ao ataque.

O final de carreira dos irmãos Kovac, Robert e Niko, que eram praticamente insubstituíveis como defesa central e médio defensivo, respetivamente, foi uma grande contrariedade para Bilić após o Euro 2008. O selecionador ficava com muitas opções para a frente, mas poucas para a estrutura defensiva, um dado exacerbado pela sua diponibilidade para alinhar com dois laterais ofensivos, deixando os centrais expostos, especialmente sem um jogador como Niko Kovac para protegê-los.

É por esta razão que normalmente joga com a linha defensiva mais recuada e faz com que Luka Modric e os extremos recuem muito quando não têm a bola. Além disso, quando enfrentam equipas com um meio campo muito povoado, os avançados também recuam para tentar recuperar a bola. É uma estratégia desgastante, tanto no plano físico como tático, e é muito difícil cumpri-lo sem uma condição física adequada e preparação intensiva, um luxo que esta equipa, dispersa pelo continente e com poucos dias de trabalho em comum, não teve durante a fase de apuramento. É também por isso que a esperança aumenta para esta fase final ¿ tanto Bilic como os jogadores acreditam que as rotinas da equipa vão consolidar-se graças ao tempo extra de preparação.

O 4-4-2 dinâmico e pressionante, usado na vitória por 3-0 sobre a Turquia, em Istambul, é uma opção para o jogo com a Itália, mas é pouco provável que seja o esquema escolhido para defrontar a Irlanda. Contra a equipa de Trapattoni, Bilic poderá acrescentar Eduardo ou Nikica Jelavić à linha de ataque. Bilić é, porém, um treinador moderno, conhecedor das últimas tendências táticas e é muito possível que prepare alguma novidade para o torneio.

Nos jogos com a Itália e a Irlanda, se não houver lesões, deverão ser titulares Stipe Pletikosa (guarda-redes), e Tomislav Dujmović ou Ognjen Vukojević no lugar de médio defensivo, Darijo Srna, (provavelmente como médio direito, mas também opção para lateral ou ala, Luka Modrić como médio organizador e provavelmente Ivica Olić e Mario Mand¿ukić no ataque.



Vedran Ćorluka é insubstituível, embora nunca haja certezas sobre a posição que vai ocupar. Mais confortável a lateral direito, pode também atuar à esquerda, no eixo da defesa e até como médio defensivo. E embora Bilić tenha várias opções no meio campo (Ivan Rakitić, Niko Kranjčar, Ivan Peri¿ić) e especialmente no ataque (Eduardo, Nikica Jelavić, Nikola Kalinić), a linha defensiva é de facto um problema. Dependendo da opção de Bilić em relação a Ćorluka, Joe ¿imunić, Dejan Lovren e Gordon Schildenfeld são candidatos para o eixo da defesa, enquanto Domagoj Vida e ¿ime Vrsaljko (direita) e Ivan Strinić ou Danijel Pranjić (esquerda) são as opções para as laterais.

Bilić é bem menos previsível do que os seus antecessores. De facto, será justo dizer que está entre os selecionadores menos previsíveis deste Europeu. Alguns dirão que as suas mexidas frequentes são sintoma da falta de um plano consistente, mas será provavelmente mais correto dizer que Bilic estará a procurar formas de extrair o melhor do seu limitados leque de escolhas. É nisso que os croatas acreditam.

*Aleksandar Holiga é editor do tportal.hr da Croácia. Este artigo está integrado na Euro2012 Network, cooperação entre alguns dos melhores meios jornalísticos dos 16 países participantes na competição.