Na África do Sul, por estes dias, é normal acordar de manhã com o som das vuvuzelas na rua. Estão em todo o lado onde esteja um sul-africano. Fazem um som insuportável para a maioria das pessoas, menos para eles. Os sul-africanos adoram-nas. É uma espécie de objecto de culto. Até em Magaliesburgo.

Ora por isso, aproveitando o terceiro treino à porta aberta da Selecção Nacional, que encheu de vuvuzelas a bancada central da Bekker School, o Maisfutebol foi tentar perceber junto dos emigrantes portugueses o encanto do tal instrumento. Pelo meio chegou à conclusão que para eles, sim, há um encanto.

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Ponto prévio: entre os portugueses, a vuvuzela é sobretudo coisa de emigrantes de segunda geração. Nascidos na África do Sul e boa parte deles com claras dificuldades em falar português. Luísa Barros, por exemplo, nasceu em Portugal e não adere à vuvuzela. Já o filho, nascido em África, não se separa dela.

Quando se lhe pergunta qual o encanto da vuvuzela, o rapaz, não mais de quinze anos, responde de pronto: «É uma coisa da terra e nós somos portugueses, mas também somos sul-africanos», atira. «Sempre me habituei a ver o futebol com a vuvuzela, em todo o lado. As pessoas aqui adoram. Estão em todos os estádios.»

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Anita Dolores já só fala em inglês. Também ela, bastante mais velha, não pára de soprar na vuvuzela. «É um símbolo do futebol sul-africano, é parte da nossa cultura», refere, ela que acredita ser mais engraçado o futebol com vuvuzelas. «Dá uma atmosfera diferente ao jogo, gosto mais de ver o futebol com esta animação.»

Para além disso, garante que é uma forma de afirmação de um Mundial diferente. «Às vezes o barulho é demasiado e isso pode incomodar as pessoas, mas para nós é uma alegria», sublinha. «Até para os jogadores é uma vantagem. Os sul-africanos estão habituados e não os incomoda, só incomoda os adversários.»

Anthony Fontes também só fala em inglês. Foi ver o treino da Selecção com quatro amigos e todos eles levaram vuvuzela. «O encanto disto? Não há encanto, é só para fazer barulho», diz. «A África do Sul é assim. É uma coisa nossa e por isso gostamos dela». Por isso todos tocam como se vê no vídeo... e gostam disso: