De Setúbal a Razgrad, um mundo de diferenças. Bruno Ribeiro, 39 anos, abandona um projeto em que a sobrevivência é a causa maior e abraça um desafio de luxo:.

O Ludogorets, novo clube do treinador português, tenta estar pelo segundo ano na fase de grupos da Liga dos Campeões e conquistar o pentacampeonato na Bulgária.

Horizontes alargados, percurso revitalizado, uma aventura ambiciosa no leste europeu.

Em entrevista ao Maisfutebol, Bruno Ribeiro fala sobre este novo passo na carreira de treinador, descreve o que encontrou no primeiro contato com o Ludogorets, recorda o adeus a Setúbal e fala sobre a relação fortíssima com José Mourinho.

Depois de ter estado quatro anos no futebol inglês como futebolista - 1997-2001, Leeds e Sheffield United -, este será o segundo país onde Bruno Ribeiro trabalhará fora de Portugal. 

Quais os objetivos para a primeira época a treinar fora de Portugal?
No imediato, assegurar a entrada na fase de grupos da Liga dos Campeões. Depois, conquistar o quinto campeonato nacional consecutivo. Vou treinar um clube ganhador, muito exigente e por isso também lutaremos pelas duas taças nacionais. Estou muito motivado, adorei o que encontrei na Bulgária, terei todas as condições para efetuar um bom trabalho. Sair do Vitória e um mês depois estar a jogar a Liga dos Campeões é passar do oito ao 80.

O Ludogorets ainda é um clube desconhecido em Portugal. O que o levou a optar por treinar na Bulgária?
A garantia de que lutarei por troféus, essencialmente. Terei essa oportunidade pela primeira vez no meu percurso de treinador. Tive também duas propostas de Inglaterra, mas não eram de clubes de topo. E o Ludogorets é um clube de topo, basta ver o que fizeram a época passada na Liga dos Campeões [n.d.r. quatro pontos num grupo com Real Madrid, Liverpool e Basileia]. Vou ter o privilégio de carregar o nome de Portugal na mais importante prova europeia de clubes. Isso é irrecusável. Este clube assegura-me a ambição de lutar por títulos e estar na Champions.  

O Vitinha e o Fábio Espinho eram os portugueses do Ludogorets na época passada. Vai continuar a contar com eles?
Com o Vitinha, sim. É um lateral experiente, está há quatro anos no clube e vai ficar. O Fábio tem uma boa proposta de outro clube e provavelmente será transferido. Já falei com ele, o presidente também, estamos a tentar que fique.  

A liga búlgara é competitiva? O que nos pode dizer sobre a prova?
Tal como em Portugal há três ou quatro clubes a lutar pelo título. Além do Ludogorets, há sempre os clubes de Sofia [CSKA e Levski] e o Litex Lovech. Os dirigentes búlgaros estão a tentar imitar o modelo escocês, limitando a primeira divisão a dez clubes e a efetuar quatro voltas. É um campeonato de nível interessante.

Quem vai levar consigo para a Bulgária?
Para já, só os meus adjuntos (risos). O Marcelo Chagas e o Andy Smith trabalharam comigo no Vitória e vamos continuar juntos. Relativamente a reforços, a verdade é que vamos precisar de quatro ou cinco e temos um profundo conhecimento do mercado português. É normal que cheguem mais atletas portugueses ao Ludogorets.

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