Uma polémica que pode estar muito perto de chegar ao fim. O impasse que se criou na construção do novo Estádio das Antas deverá conhecer uma solução nos próximos dias, talvez já amanhã, sexta-feira, dia em que Rui Rio, o presidente da Câmara Municipal do Porto, irá apresentar ao F.C. Porto uma proposta de resolução de todo este imbróglio e que passa por uma redefinição do PPA assente em dois dados novos: o financiamento de fundos comunitários integrados no III Quadro Comunitário de Apoios e a diminuição do espaço comercial.

O arrastar da situação está a preocupar a UEFA. Ernie Walker, o presidente do Comité de Estádios, foi claro no aviso que deixou ontem, depois de visita às obras das novas Antas, que há pressa na resolução deste problema. E deixou claro, sobretudo, que não será a UEFA a desbloquear a questão: ou há acordo entre clube e câmara, ou o projecto das Antas poderá mesmo estar em risco. «Se o jogo inaugural não for nas Antas, será noutro estádio qualquer. Mas todos os jogos serão em Portugal», garantiu Walker.

O fantasma espanhol está, por isso, afastado. Ainda que uma não participação portista no mega-evento de 2004 fosse interpretado pela UEFA como um péssimo sinal. A revelação de Ernie Walker dá conta da delicadeza da questão: «Sem o Porto, não teríamos atribuído o europeu a Portugal. Não se esqueçam que houve um grande país que perdeu...»

Mas o risco de o projecto das Antas parar é cada vez menor. Tudo aponta para que Câmara Municipal e F.C. Porto cheguem a um entendimento, mesmo que apenas pela via das «pequenas cedências» proposta por Rui Rio. Nesse difícil jogo negocial, o clube portista é que o está menos disposto a ceder. Mas os contornos que estão a ser desenhados pelo edil portuense para terminar com a polémica não deverão exigir ao F.C. Porto que dispensa mais dinheiro do que já estava previsto no projecto.

Condenados ao entendimento

Vontade de resolver a questão parece existir de todas as partes. Rui Rio, apesar de todos os entraves que já colocou à questão, sabe que está nas suas mãos evitar um conflito que, a tomar maiores proporções, lhe poderá ser muito perigoso. Recém-empossado como presidente da câmara, Rio já está a sentir pressões por colocar em causa um projecto do maior clube da cidade.

O autarca já fez saber que não está de acordo com a realização do Euro-2004 em Portugal, mas já que ele vai ser feito e é um processo irreversível, Rui Rio sabe que a participação do Porto (clube e cidade) é um dado incontornável. A ameaça do F.C. Porto de passar o projecto para Gaia dá conta da necessidade que o edil portuense tem de não ficar como responsável por uma situação de todo inesperada.

OUTROS TEXTOS DESTE TRABALHO:

BREVE RESENHA DA CRISE:

AS RAZÕES DA POLÉMICA: