Cinco anos e oito meses depois, a seleção sub-21 portuguesa perdeu uma partida oficial durante o tempo regulamentar. Obra da seleção espanhola que, esta terça-feira, alcançou o feito de voltar a derrotar a equipa orientada por Rui Jorge, algo que nenhuma equipa ousou concretizar desde a Rússia a outubro de 2011.

Os golos de Saúl Ñígez, Sandro Ramírez e Iñaki Williams atiraram por terra esse recorde português e ao mesmo tempo, garantiram a presença da Espanha nas meias-finais. Ainda assim, convém sublinhar que antes do médio do Atlético de Madrid ter aberto o ativo, Portugal mandou no jogo e teve oportunidades para se colocar na frente. Tal não aconteceu, porventura, por azar.

Confira o filme do jogo

Os primeiros dez minutos mostraram um respeito excessivo de parte a parte, com o medo de não arriscar a sobrepor-se ao desejo de desequilibrar para chegar à vitória. Apenas à passagem dos dez minutos, Podence, com um remate ao poste, teve o condão de quebrar as amarras que ameaçavam tomar conta do jogo.

Esse momento trouxe Portugal para o jogo. Desta feita com um meio-campo a quatro, face à presença de Renato no lugar de Diogo Jota, Rúben Neves assumiu as rédeas do jogo. E Portugal cresceu, alicerçado também nas subidas de João Cancelo. Contudo, teve dificuldade em materializar esse ímpeto. Quiçá, por falta de presença na área ou por incapacidade para definir da melhor maneira.

A Espanha, sorrateiramente, como que em pezinhos de lã, foi equilibrando o jogo. E, ao contrário da equipa das «quinas», conseguiu inaugurar o marcador. Mérito de Saúl Níguez, um dos maiores talentos desta geração espanhola, que driblou três adversários antes de rematar para o fundo da baliza de Varela. Contra a corrente do jogo, os espanhóis estavam na frente.

Portugal desesperava pelo intervalo para respirar e assentar ideias enquanto Asensio e companhia tomavam conta do jogo. Tocavam a bola à procura do melhor caminho para a baliza de Bruno Varela. E foi, como em tantas outras vezes, da inteligência de Asensio em comunhão com o seu pé esquerdo que nasceu a derradeira oportunidade da primeira parte. Valeu a mancha do guarda-redes português a impedir que Bellerín aumentasse a vantagem a favor da formação de Celades.

Uma arrancada de Podence – um dos melhores de Portugal esta noite – prometia um início forte de Portugal. Ainda assim, tal não aconteceu porque La Roja decidiu responder na mesma moeda. Asensio voltou a ter, no pé esquerdo, a oportunidade de marcar mas Edgar Ié tirou em cima da linha.

A formação de Rui Jorge balanceava-se para o ataque na procura do empate enquanto a Espanha assumia uma posição expetante, à espreita de uma oportunidade para sair rápido. E foi nessa toada, que Sandro Ramírez dobrou a vantagem para «nuestros hermanos».

Depois apareceu o talento de Bruma, a primeira aposta de Rui Jorge. O extremo português teve um momento de génio, pleno de inspiração e fé. Remate de primeira de fora da área, um autêntico míssil que só parou no fundo da baliza de Arrizagabala. Reduzida a diferença no marcador, Portugal tentou agarrar-se às poucas hipóteses de chegar, pelo menos, ao empate.

Nos instantes finais, o conjunto luso tentou, com mais coração do que cabeça, chegar à igualdade. Tal não se concretizou. Celades, e bem, procurou refrescar a equipa lançando homens capazes de roubar a bola à seleção nacional. E, essa capacidade para ter bola, ainda foi suficiente para Williams fechar as contas do desafio.

Assim, a Espanha garante a presença nas meias-finais, a uma jornada do final da fase de grupos. Por sua vez, Portugal precisa de vencer a Macedónia e esperar pelo desfecho dos restantes grupos para saber se continua em prova. A calculadora à mão, uma vez mais.