É verdade que a vitória muda pouco na época, sobretudo depois do triunfo bracarense, mas pelo menos garante o apreço que a melhor sequência de vitórias da época merece. Já não vai dar para conseguir melhor do que o terceiro lugar, mas dá para evitar a festa do maior rival: foi sem dúvida a vitória mais saborosa.
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O Benfica, esse, perpetuou por mais uma semana a deseja celebração de um título há muito anunciado, e há muito também justificado. A equipa mostrou no Dragão que é uma formação bem diferente dos últimos anos, mais confiante, mais criativa, muito mais ousada. Não deu para empatar, mas deu para ameaçar.
Deu para ameaçar desde os primeiros minutos, aliás. Di Maria atirou cedo à barra, um pouco depois Javi Garcia falhou na cara de Beto. Foram dois sinais claros de um cheirinho de campeão. Jesus tinha deixado Aimar no banco, por troca com Carlos Martins, mas não mudava nada no jeito atrevido de ser da equipa.
O F.C. Porto pareceu entrar bloqueado por este atrevimento, mas soltou-se quando Bruno Alves virou o jogo do avesso: o capitão aproveitou uma bola parada para inaugurar o marcador. O Dragão encheu-se de esperança, o sentimento sentiu-se no campo e a equipa partiu para uma hora de jogo mais arrojada.
Quente, quente, quente
No fim da primeira parte o jogo tinha ficado distante das expectativas. Sofrera-se mais do que se jogara, desejara-se mais do que se conseguira. A segunda parte incendiou: o clássico foi então um clássico. Cheio de emoção, picardias, jogadas de perigo e uma tendência assassina para fazer bater o coração.
Começou a aquecer quando Fucile foi expulso, num preciosismo exagerado de Olegário Benquerença: o lateral caiu dentro da área sem falta, mas também não tentou enganar ninguém. Certo é que deixou a equipa reduzida a dez, atirou o Benfica para a frente e obrigou o F.C. Porto a defender mais perto da baliza de Beto.
O jogo estava por isso imprevisível quando Luisão aproveitou, também ele, uma bola parada para empatar o jogo. De golo de capitão em golo de capitão se fazia por esta altura a história do jogo. A verdade porém é que este já não era o mesmo jogo: estava louco. Completamente louco. Nas bancadas, e no campo, claro.
No campo onde o F.C. Porto voltou a encher-se de coragem para na jogada seguinte, numa insistência de Belluschi, permitir a Farias fazer o segundo golo. O empate que voltara a valer o título tinha durado o tempo de um fósforo. O argentino, ele que esteve para sair em Janeiro, justificava num instante a permanência no plantel.
O golo de Farias não ficou isento de dúvidas: a posição situa-se no risco do fora-de-jogo. O clássico, de resto, foi cheio de casos. Olegário não teve uma noite fácil, não poderia ter, deixou passar dois ou três pedidos de penalty, incluindo uma mão suspeita de Hulk na área portista, mas não foi por aí que se fez o resultado.
O resultado que Belluschi fechou num grande remate já na parte final da partida. Numa altura em que o Benfica atacava com tudo, cheio de coragem, com um ataque reforçado por Weldon, Kardec e Aimar. Já depois, curiosamente, de Guarín atirar ao poste. A parte final da partida foi aliás do mais louco que se viu esta noite.
Como a segunda parte portista foi do mais arrojado que se viu esta época. No fim rebentou em festa: a celebração do título fica para outra data. O Benfica continua a precisar de um ponto apenas, quando receber o Rio Ave sem Di Maria, Javi Garcia e Fábio Coentrão, todos eles suspensos por amarelo.
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