Paulo Pereira foi dois primeiros jogadores da última década a saltar do F.C. Porto para o Benfica, uma política que agora está em voga - veja-se o caso de Drulovic -, por exemplo, mas que na altura deixava os adeptos de boca aberta. A saída das Antas ficou-se a dever a dois motivos: a Carlos Alberto Silva, que não o deixou sair na devida altura, mas também a Artur Jorge que viu nele a pessoa ideal para operar a tão badalada renovação no Benfica.

A meio da época 1994/95, chegou à Luz e alinhou ao lado de Mozer e na época seguinte passou um mau bocado quando o treinador foi despedido à terceira jornada e não teve tempo de concluir um projecto por si criado: «Nunca entendi como o presidente deixou o Artur Jorge fazer aquela remodelação e depois dispensou-o logo no início do campeonato. Ele precisava de tempo para provar que estava certo. No F.C. Porto também remodelou um plantel de campeões e teve sucesso».

A saída do técnico deixou Paulo Pereira em maus lençóis, que depressa se viu relegado para segundo plano quando Mário Wilson assegurou os destinos dos encarnados. «A primeira coisa que ele fez foi tirar-me da equipa. Ou ficava no banco ou nem sequer era convocado. Acabei por ir para o Génova. Foi a melhor solução, porque era apontado como sendo um jogador do F.C. Porto. Todos me cobravam isso, porque, naquela altura, não era normal, como é hoje, um jogador ir de um grande para o outro e o Mário Wilson dava ouvidos a isso tudo».

«Carlos Alberto Silva foi pouco honesto»

À luz da razão, mas também sob o domínio da razão, o ex-defesa central, actualmente representante de jogadores, admite ter errado: «Em alguns aspectos, arrependi-me de ter ido para o Benfica, mas fora do campo sempre fui bem tratado», confessa, antes de fazer uma crítica a Carlos Alberto Silva, actual treinador do Santa Clara, que o impediu de fazer sensação nas Antas: «A minha pior recordação foi o facto de ele não ter sido honesto comigo. Não entendo porque não ficou comigo no plantel nem sequer me deixava sair. Escondia-se na desculpa de eu ser estrangeiro, mas nunca assumiu a minha dispensa, porque sabia que o presidente e os sócios eram contra à minha saída».

Por isso, Paulo Pereira esteve emprestado ao V. Guimarães e teve de procurar a sua sorte no Benfica, depois de Bobby Robson ter passado pelo F.C. Porto na época 1993/94. Nesse período conviveu cerca de seis meses com José Mourinho, na altura adjunto e hoje técnico principal, de quem uma óptima impressão por já dar a entender «ter uma personalidade forte e dinamismo». «Era ele quem traduzia todas as conversa de Bobby Robson. Era uma pessoa atenta, que gostava muito de aprender. Não me admiro que esteja a ter sucesso».

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