E à 12.ª jornada, o Gil Vicente conseguiu vencer. Não fez um grande jogo, esteve muito longe disso, mas chegou, finalmente, ao fim de uma partida em vantagem no marcador: é isso que interessa num prova a pontuar. O União de Leiria chegou a acreditar numa vitória, mas a sua estratégia de contra-ataque não funcionou, muito por culpa da ineficácia dos seus avançados. 

Álvaro avisou, desde cedo, que queria uma equipa de ataque. A jogar num claro 4x3x3, o Gil entrou no jogo com uma postura claramente ofensiva. Manuel José já previa que isso iria acontecer e optou por um esquema assumidamente defensivo, com três centrais fixos (Paulo Duarte, Renato e Eder) e dois laterais muito menos atacantes do que é costume neles (Bilro e Nuno Valente).  

Com cinco defesas, e perante um Gil hiper-ofensivo, os leirienses arriscavam-se a actuar perigosamente encostados à sua baliza. E foi isso que sucedeu nos primeiros 20/25 minutos. Valeu, então, a solidez do guarda-redes Batista, que ia chegando para as encomendas. 

Mas com o passar do tempo a tendência ofensiva gilista foi-se diluindo, fruto de um progressivo aparecimento do meio-campo do Leiria. João Manuel e Tiago foram essenciais nessa inflexão, recuperando bolas e iniciando um conjunto de jogadas de contra-ataque. O Leiria parecia apostar nesse esquema, de modo a aproveitar a urgência gilista. O problema foi que os dois avançados não estavam inspirados e nunca uma acção de contra-ataque leiriense chegou a ter a melhor concretização. 

O toque de Nuno Assis 

O intervalo chegou com um empate justo: o Gil atacava mais, o Leiria começava a descobrir o contra-ataque. Tudo estava em aberto. 

Álvaro sabia que algo tinha que mudar no meio-campo gilista. Faltava imaginação ¿ e faltavam soluções. A aposta em Nuno Assis foi, nesse aspecto, decisiva. O médio-ofensivo conferiu a irreverência que faltava ao jogo gilista e ajudou a desmontar o arrumado esquema leiriense. 

O Gil surgiu, então, mais acutilante. É certo que ainda tremia quando João Manuel e companhia ensaiavam uma jogada mais bem elaborada, é certo que Paulo Alves esteve quase a marcar num cabeceamento na área, mas o facto é que a partir da última meia-hora de jogo a tendência foi, claramente, da equipa da casa.  

Os golos apareceram com naturalidade e tiveram ambos a mesma autoria: Jean Pierre, que revelou uma importante qualidade num avançado. Sem ter tido muitas oportunidades para marcar, aproveitou duas delas, dando ao Gil Vicente a alegria de uma vitória que já tardava. 

Uma última palavra para o árbitro. António Costa, de Setúbal, assinou uma actuação sóbria, discreta e muito correcta. Até só precisou de mostrar dois cartões amarelos.