*Por Paulo Silva Reis

Eram mais de oito mil pessoas que estavam em festa nas bancadas do Municipal Eng. Branco Teixeira em Chaves: oito mil pessoas que se preparavam para celebrar até ao dia seguinte. Faltavam segundos para a festa estar oficialmente autorizada...
 
O último minuto da compensação no Freamunde-Tondela trouxe um balde de água fria.
 
Com o Tondela a perder por uma bola a zero, o Chaves juntava o útil ao muito, muito, muito agradável: para além de subir de divisão, sagrava-se campeão.
 
As bancadas estavam por isso ao rubro à espera do apito final, mas as notícias que chegaram ao cair do pano transformaram a festa num silêncio arrepiante. Caíram lágrimas, muitas. Dentro e fora do campo, aliás.
 
Os flavienses ficaram, uma vez mais, à beira da subida à Liga, e mais uma vez viram o sonho morrer nos instintos finais.
 
O clube persegue o clube há quatro temporadas, para o ano será a quinta.
 
Os jogadores, com o apito final, foram caindo no relvado alagados em lágrimas, mas das bancadas, apesar do objetivo não ter sido alcançado, soou uma última ovação.
 
O Desp. Chaves, recorde-se, chegou a estar isolado no primeiro lugar com oito pontos de avanço. Por isso o presidente Bruno Carvalho não segurou as lágrimas na sala de imprensa.
 
«Ficamos pelo caminho e desta maneira é terrível. Uma palavra de alento a todos os que estiveram do nosso lado neste projeto que já se iniciou há quatro anos. Cometemos alguns erros, mas não fomos só nós e a prova é que estávamos todos no mesmo barco na última jornada. Dou a cara pelo grupo e, apesar de tristes, temos de saber digerir este momento», referiu Bruno Carvalho.
 
«O importante é agora levantar a cabeça.»
 
Quem também fez questão de dar a cara foi o capitão Barry e, também ele, não segurou as lágrimas. «O trabalho de uma época foi por água abaixo. Foi morrer na praia. Nunca passei por uma angústia tão grande como esta», referiu.
 
«Temos os melhores adeptos do mundo e só temos é mesmo de lhes pedir desculpa por não termos conseguido alcançar o sonho.»