O Monaco do português Leonardo Jardim apurou-se, esta terça-feira, para os quartos de final da Liga dos Campeões, mesmo perdendo por 0-2 na receção ao Arsenal. Os londrinos foram, indiscutivelmente, melhores que o adversário, mas faltou-lhes um golo para quebrarem a maldição dos últimos anos que os impede de seguirem para as fases mais adiantadas da prova.

FICHA DE JOGO

Leonardo Jardim sabia que o tempo corria a seu favor, fruto da vantagem de 3-1 trazida de Londres, e, por isso, tentou sublinhar os pontos fortes da sua equipa: pressão intensa no meio campo e saídas rápidas a aproveitar a velocidade dos sprinters que colocou nas faixas laterais.

A ideia concebida pelo português resultou durante o primeiro quarto de hora, altura em que os franceses ainda conseguiram esticar o jogo até à área onde morava David Ospina.

Ainda assim, durante o tal período de conforto, só por uma vez o Monaco conseguiu concluir uma jogada, num remate mal calibrado de João Moutinho [o único português no onze titular] que não levou a direção desejada.

Terminou aqui o período de vigência dos monegascos. Wenger descobriu que o filão estava nos corredores laterais e foi por aí que os ingleses começaram a ganhar metros no meio campo ofensivo.

A ideia era simples: aproveitar a velocidade e imprevisibilidade dos homens dos corredores e procurar a referência ofensiva Giroud. O primeiro a testar a receita foi Bellerín, mas a finalização do avançado internacional francês não levou a direção desejada.

Foi o clique que despertou a formação orientada por Wenger que viu Welbeck e Ozil tentarem a felicidade, mas as iniciativas acabaram por morrer na muralha defensiva monegasca, onde Wallace e Abdennour eram uma espécie de carro-vassoura, tantas as vezes que foram obrigados a limpar o perigo para longe.

Só à entrada para os últimos dez minutos da primeira parte é que o Arsenal conseguiu traduzir a supremacia no jogo, num lance criado por Welbeck e finalizado por Giroud. Estava finalmente aberta a baliza do Monaco com o primeiro golo sofrido no Louis II esta temporada nas competições europeias.

A equipa de Leonardo Jardim sentiu o golo, tremeu, e podia ter ficado ainda pior caso Abdennour não desviasse, sem saber bem como, o remate de Welbeck que tinha como destino a baliza dos monegascos.

Ainda houve mais um ou outro cartucho na área do Monaco, prontamente resolvidos por Subasic. Os monegascos regressavam aos balneários em desvantagem no marcador com duas vidas para gerir na segunda parte.
 
Pastilha debaixo da língua e aguenta coração

A segunda parte começou ligeiramente diferente. Leonardo Jardim corrigiu processos e estancou, por momentos, a vontade do Arsenal em chegar constantemente à baliza de Subasic. O primeiro grande exemplo da vontade inglesa saiu dos pés de Ozil, num livre direto, superiormente defendido por Subasic.

O Monaco instalou-se nas suas sete quintas e lá conseguiu imprimir alguns abanões no jogo, sobretudo depois das entradas de Ferreira-Carrasco e Bernardo Silva. Também é verdade que não obrigou David Ospina a sujar o equipamento, mas, depois daquilo que assistiu nos primeiros 45 minutos, o mais importante era conseguir respirar e obrigar a Arsenal a olhar para trás.

O esquema estava minimamente controlado, se é que um jogo de futebol se pode prever. Só mesmo um lance de génio ou um erro podia fazer abalar as bases em que o jogo se construiu.

E foi precisamente um disparate de Kurzawa, a oferecer a Ramsey o segundo para o Arsenal, a abrir completamente a eliminatória. Faltava apenas um golo para Wenger voltar a ser feliz no principado do Monaco.

E esteve perto de acontecer logo depois, numa cabeçada de Giroud afastada por Subasic em cima da linha. Os ingleses reclamavam golo, enquanto o Monaco sofria imenso a olhar para o relógio.

E sofreu a bom sofrer até ao último apito do árbitro. Eram várias as camisolas monegascas que já não conseguiam correr e ficaram estacionadas à frente da área de Subasic à espera do apito final.

Apesar de ter sido mais equipa, o Arsenal ficou a um degrau do apuramento para os quartos de final da Liga dos Campeões, cumprindo a tradição de nos últimos cinco anos ter sempre sucumbido neste fase da competição.

Leonardo Jardim pode, enfim, orgulhar-se de colocar os franceses na fase seguinte da Liga Milionária, interrompendo um jejum de onze anos [a última presença remonta à temporada 2003/2004]. Mas não foi fácil, porque o Monaco preocupou-se mais em defender o resultado do que propriamente em discuti-lo.

Fica a observação para memória futura.