O fim de semana de futebol internacional falou muito português e desta vez nem foi por causa de Cristiano Ronaldo. O melhor do mundo esteve na vitória que manteve a liderança do Real Madrid, mas não foi o principal protagonista desta vez. Quem passou a liderar sozinho e por lá passará pelo menos uma semana é o Mónaco de Leonardo Jardim, Bernardo Silva e João Moutinho. Mas houve mais portugueses protagonistas nos grandes palcos, o fim de semana pode ser contado a par deles.

Comecemos mesmo por França e pelos príncipes da Ligue 1. Uma vitória por 4-0 sobre o Lorient, 64 golos marcados, média superior a três por jogo, e agora a liderança isolada, depois do empate do Nice. Dias felizes no Mónaco, que além do mais segue na Liga dos Campeões (vai defrontar o Manchester City) e já na quarta-feira joga a meia-final da Taça da Liga francesa frente ao Nancy. Isso antes do tira-teimas na Ligue 1: no domingo a equipa do Principado visita o Paris Saint-Germain.

O Mónaco tem agora dois pontos de vantagem sobre o Nice e três sobre o PSG, que no sábado teve outro duelo com um português no banco, Sérgio Conceição. A série de quatro vitórias do treinador na chegada ao Nantes terminou com um bis de Cavani. A ronda de Ligue 1 terminou com outro duelo a envolver portugueses, que terminou numa vitória tranquila do Lyon de Anthony Lopes frente ao Marselha de Rolando.

De França para Inglaterra. Uma jornada alucinante e um jogo em Stamford Bridge que ficou marcado pela lesão grave de Ryan Mason, operado ao crânio depois de um choque de cabeça com Gary Cahill, mas também pela forma como o Hull City de Marco Silva complicou a vida ao Chelsea. As duas equipas tiveram exatamente o mesmo número de remates e ficaram próximas na posse de bola, números que consolidam a ideia que ficou do jogo, de uma equipa organizada e personalizada frente ao líder da Premier League, que no entanto acabou por fazer valer a lei do mais forte. Ficou o elogio de Conte à exibição do Hull: «O nosso adversário jogou muito bem, teve boa organização e tornou as coisas difíceis para nós.»

Pelo meio o Chelsea recuperou Diego Costa, que voltou depois da altercação com Conte e marcou o primeiro golo: ao jogo 100 pelos «Blues», o 52º do avançado hispano-brasileiro. O segundo nasceu de um livre batido por Fabregas e convertido por Cahill. As estrelas a fazer a diferença e Fabregas a atingir também um marco de assistências para golo na Premier League. Tem 101, tantas como Rooney e atrás apenas de dois históricos, Ryan Giggs (162) e Frank Lampard (102).

O Chelsea ganhou a quase toda a linha nesta jornada e já leva oito pontos de vantagem, aproveitando os deslizes dos perseguidores. A começar pelo Liverpool, que se deixou surpreender em casa pelo último, o Swansea. O Tottenham-Manchester City acabou empatado e na frente só o Arsenal saiu a ganhar. Ainda assim, no limite, num jogo frente ao Burnley com final louco. Aos 90+2 estava 1-0 para os «gunners», o Burnley empatou de penálti, Arséne Wenger acabou expulso e foi ao oitavo minuto de descontos que Alexis Sanchéz garantiu a vitória do Arsenal. Também de grande penalidade, mas este foi um Panenka cheio de estilo.

O Manchester United também não aproveitou a razia na frente, ainda assim livrou-se da derrota no golo que tornou Wayne Rooney o melhor marcador da história dos «Red Devils». São agora 250 golos e passou Sir Bobby Charlton, que estava na bancada a assistir.

Em Espanha, o domingo fechou com uma goleada do Barcelona na visita ao Eibar. Com brilho da MSN, Messi, Suárez e Neymar, os suspeitos do costume a manterem distâncias para o Real Madrid. Que teve em Sérgio Ramos o protagonista mais improvável da vitória sobre o Málaga.

Entre os dois gigantes segue o Sevilha, que saiu vencedor de um jogo que abriu a manhã de domingo mas merecia uma hora mais «nobre». 4-3 na visita ao Osasuna e a equipa de Jorge Sampaoli segue a um ponto do líder Real (que tem menos um jogo) e com um de vantagem sobre o Barcelona. Mais para baixo ainda agora o At. Madrid, que empatou na visita ao At. Bilbao e já vê o Real a oito pontos.

Seguindo para Itália, a ronda que viu a Juventus voltar à «normalidade», passando o teste frente à Lazio com uma vitória por 2-0, assistiu a nova vitória da Fiorentina de Paulo Sousa, que na ronda anterior tinha imposto precisamente uma derrota à «Vecchia Signora». E viu João Mário aparecer no centro da área para marcar o golo que deu ao Inter a vitória sobre o Palermo e um pulo na tabela: os «nerazzurri» já são sextos, para já em zona Europa.

Este foi também o fim de semana em que a Bundesliga voltou de quase um mês de paragem, numa ronda que confirmou a solidez do RB Leipzig. Tinha um desafio difícil frente ao Eintracht Frankfurt, que era quarto, mas ganhou e mantém três pontos de distância para o líder Bayern Munique, que ganhou ao Friburgo a abrir a ronda. Vitória também para o Hoffenheim, a única equipa do campeonato sem derrotas, e para o Borussia Dortmund. O adversário do Benfica na Champions contou com um raro golo de Schurrle para começar a assegurar a vitória na visita ao Werder Bremen, e o português Raphael Guerreiro ainda saiu do banco a tempo de fazer assistência para o segundo golo, marcado por Piszczek.

O Dortmund não tinha Aubameyang, que estava no CAN com o Gabão, mas o avançado vai voltar em breve. Sim, o país anfitrião da competição de seleções africana foi eliminado na primeira fase, num fim de semana que teve as primeiras decisões. Também aqui a falar português.

Segue em frente como líder do Grupo A o Burkina Faso, orientado pelo treinador português Paulo Duarte, que venceu neste domingo a estreante Guiné-Bissau. O único PALOP presente despediu-se em último no grupo, mas fez da participação uma festa.

Os Camarões são a outra seleção apurada neste grupo, enquanto no Grupo D houve as primeiras decisões logo à segunda jornada, com o apuramento do Gana e a eliminação do Uganda. O segundo lugar joga-se agora entre o Egito, que tem quatro pontos e precisa apenas de um empate na última ronda frente ao Gana, e o Mali de Marega, que tem por agora um ponto e defronta o Uganda.

De África para o Brasil, uma das imagens fortes que fica do fim de semana, e nem foi um jogo oficial. O regresso da Chapecoense, menos de dois meses depois da tragédia que vitimou quase toda a equipa, num particular com o Palmeiras.

A Arena Condá encheu para receber o encontro com o campeão Palmeiras, numa tarde de imagens fortes. Como esta, do momento em que os sobreviventes receberam a Taça Sul-Americana, que foi formalmente atribuída à Chape pela Conmebol a pedido expresso dos seus rivais na final, os colombianos do Atletico Nacional.