As convocatórias para a seleção nacional são um dos mais antigos motivos de discussão no futebol, em qualquer lugar do mundo onde o futebol seja tema à mesa de um café.

Em Portugal não é diferente. 

Quer dizer, sou até capaz de achar que se discute pouco a seleção neste momento. As pessoas vão ao estádio em dia de jogo, sabemos que é um público ligeiramente diferente do habitual (mais mulheres, mais famílias), o que é bom. Mas falta paixão, sinto-o por exemplo no número de visualizações das notícias, comparadas com as dos clubes.

Mas, pronto, assumindo que as pessoas ainda gostam de discutir a seleção, escrevo este artigo que tem, confesso, apenas um objetivo: tentar que se discuta a possível chamada de dois jogadores que atuam em Inglaterra.

Um deles é José Fonte.

Quem não o conhece bem pode ler a entrevista na edição desta segunda-feira da revista digital «Maisfutebol Total».

O resumo é este: titular no Southampton, a equipa-sensação na Premier League, e líder da melhor defesa.

Fonte tem uma carreira sólida em Inglaterra, onde não é especialmente fácil ser defesa. É experiente e formou-se nas escolas dos melhores clubes portugueses. É também alto e forte.

Não será um génio e provavelmente nunca jogará num clube de grandes dimensões. Tudo bem. Mas, neste momento, o que o distingue, por exemplo, de Sereno? Depois de épocas de empréstimos, o antigo defesa central do FC Porto está no modesto Kayserispor, que nesta altura ocupa a penúltima posição no campeonato turco. Em sete jornadas, Sereno fez quatro jogos. A equipa tem dez golos sofridos.

Este artigo é para elogiar José Fonte, cuja equipa subiu ao terceiro lugar, com os mesmos pontos do Chelsea. Longe de mim criticar Sereno, que sempre me pareceu um jogador empenhado e fiável. Também conheço o trabalho sério de Paulo Bento e sua equipa, mas acho que por vezes os selecionadores ficam demasiado presos a um grupo de futebolistas, quase como se fosse automático. Este parece-me ser um exemplo disso.

Já que estou a tentar que se discutam, de forma saudável, as opções do selecionador, aproveito também para deixar mais um nome: Vaz Té. Com carreira nas camadas jovens da seleção, é um avançado que faz qualquer das posições da frente, com boa mobilidade, jogo de cabeça e experiência. Quem sabe um dia valerá a pena tentar?