André Villas-Boas lembrou, em conferência de imprensa, que o Zenit-Benfica desta quarta-feira pode determinar já o destino de uma das equipas na Liga dos Campeões, e reconheceu que isso pode ter influência na forma de preparar o encontro.
 
«Sabemos que as equipas podem jogar aqui a sua última cartada, e isso pode influenciar a estratégia de ambos os treinadores. Queremos ser uma equipa a jogar aberto, a procurar o golo. São as características que têm marcado as minhas equipas», referiu.
 
«Jesus gosta de aquecer o ambiente»

Villas-Boas remeteu depois para as estatísticas da Liga dos Campeões, que no seu entender «refletem o equilíbrio do grupo e as dificuldades inerentes a cada jogo». «Tudo pode acontecer, tanto uma vitória do Zenit como do Benfica», perspetivou.
 
O antigo treinador do FC Porto foi ainda confrontado com os quatro triunfos que já conseguiu diante do Benfica e de Jorge Jesus, mas respondeu que «não se trata de um encontro entre treinadores». «Vocês conhecem-me. Não me colocava nesse papel, não me vejo como um especialista em derrotar o Benfica ou Jorge Jesus. Estou focado nos objetivos do Zenit, que é passar à primeira fase», respondeu.
 
Villas-Boas falou também das vitórias que Zenit e Benfica conquistaram no passado fim de semana, e que reforçaram a confiança das equipas antes do duelo europeu. «As vitórias após paragens internacionais são mais difíceis de conseguir. Para nós foi importante voltar a ganhar, para nos destacarmos no campeonato, o que deu mais confiança à equipa, pois aumentámos a distância para o segundo classificado e para o detentor do título, o CSKA», começou por dizer.
 
«Para o Benfica as coisas também correram bem, na Taça de Portugal. Obviamente que fizeram rotação. Não sei se era algo que o treinador queria fazer, mas alguns dos titulares passaram algum período sem atividade. Foi uma oportunidade para o treinador do Benfica dar ritmo aos jogadores. A equipa titular não fugira muito do que temos observado no campeonato, e estou certo de que o Benfica também espera a equipa que temos utilizado», acrescentou.

O título não é suficiente?
 
Com o Zenit destacado na Liga, a imprensa russa exige agora ao emblema de São Petersburgo que chegue à fase seguinte da Liga dos Campeões. E por isso foi mesmo perguntado a André Villas-Boas, por um jornalista local, se a conquista do título russo já valeria um balanço final positivo, mesmo perante uma eliminação na fase de grupos da principal prova europeia de clubes.
 
«Neste momento são tudo suposições. Prefiro pensar que o Zenit vai ser campeão e passar à fase seguinte. É claro que o jornalista quer sensação, escândalo, e por isso antecipa resultados. Queremos ser campeões nacionais e chegar longe nas competições europeias. O nosso objetivo é passar na Champions, e dependemos de nós próprios», respondeu.
 
Ficou evidente, logo ali, um clima tenso entre o técnico e a imprensa russa, que insistiu no peso da Liga dos Campeões na análise da temporada. «Uma equipa que tem oito pontos de vantagem sobre o segundo classificado e dez sobre o campeão em título…em qualquer outro país está numa situação excelente. É assim que encaro as coisas», disse o português, que ainda assim assumiu que, ao assinar pelo Zenit, foi-lhe apresentada ambição europeia.
 
«A Gazprom e a direção do clube pediram-me para ser ambicioso na Liga dos Campeões e vencer o campeonato. Estivemos perto na época passada, mas não conseguimos. Este ano estamos em boa posição, mas ainda é prematuro. Na Liga dos Campeões todas as equipas dependem de si. O objetivo que me foi passado foi colocar o Zenit entre as dez melhores equipas da Europa, e isso significa chegar aos quartos de final. Não sei se vamos conseguir isso este ano, o jogo com o Benfica é importante. Mas foi a ambição que me foi passada, e que depende de muitos fatores na construção da equipa, como a questão do fair play financeiro, e é com isso em conta que queremos formar um Zenit forte», explicou.