* enviado-especial do Maisfutebol a Sevilha

Anedótico no primeiro tempo, impotente no segundo, vazio do primeiro ao derradeiro instante. O dragão fez por merecer um mestrado em incompetência, um doutoramento em incapacidade e uma menção desonrosa por serviços lesantes ao bom nome e prestígio do FC Porto.

Vamos diretos ao assunto: pior do que isto era simplesmente impossível.

Num jogo em que se exigia heroísmo, os dragõezinhos [o diminutivo é propositado] responderam com distração e desconcentração; numa final em que se esperava superação, os dragõezinhos foram uns meninos de coro e de colo, mimados e desadequados.

Os primeiros 45 minutos foram uma aberração punida com três golos e uma carga insuportável de humilhação. Os segundos mostraram uma equipa mais briosa, mais consciente, mas incapaz de aproveitar a superioridade numérica [expulsão de Coke aos 54 minutos] e o recuo estratégico do Sevilha.

FICHA DE JOGO E A PARTIDA VISTA AO MINUTO


Nessa fase, a perder 3-0, o FC Porto tinha obrigatoriamente de fazer um golo para deixar o Sevilha a tremer e com dúvidas na cabeça. O FC Porto não teve capacidade para isso e, pesadelo dos pesadelos, ainda levou o quarto dos andaluzes num contra-ataque fechado por Gameiro.

Os orgulhosos sevilhanos, inferiores no número de beligerantes, defenderam o Álamo com vigor e rigor absoluto. Iríamos jurar ter visto Davy Crockett no meio das suas forças, ou talvez fosse apenas o portuguesíssimo Beto, autor de uma mão cheia de intervenções decisivas.

As entradas de Ricardo e Quintero ao intervalo, em vez de Varela e Carlos Eduardo, sugeriram alguma alegria e perspicácia, mas foi tudo sol de pouca dura. Uma paixão súbita e ténue.

Só no período de descontos, veja-se só, Quaresma fez o mais belo golo da noite e restituiu alguma da honra perdida à equipa. Pouco, pouco, pouco, um comprimido de placebo na tentativa de curar uma depressão crónica.

OS DESTAQUES EM SEVILHA: Beto e Rakitic, uns senhores


Já se sabia que este FC Porto 2013/14 não era um modelo de virtudes. As últimas semanas tinham, porém, devolvido algum ânimo ao coração da equipa e saúde à cabeça. Luís Castro dera ordem e relativo sucesso ao desenho idealizado.

Afinal, essa operação que se julgava de urgência não terá passado de um investimento cosmético. O problema é que o manequim, mais espampanante, não é simétrico. Tem um olho maior do que outro, um nariz torto e menos curvas do que a reta do autódromo de SPA.

Por outras palavras, o FC Porto nunca convenceu totalmente e, com este adeus quase insultuoso à Liga Europa, vai penar nas derradeiras semanas de competição.

Má arbitragem não é atenuante sólida: e agora, dragão?

Com que convicção vai o plantel enfrentar o campeonato e as tacinhas nacionais? A resposta certa seria «com profissionalismo», mas não será arriscado afirmar que contar com isso é pedir demasiado.

Se estes homens responderam desta forma no jogo mais importante das suas vidas (perdoem-nos o exagero), os portistas só podem temer o pior nos próximos tempo.

Em sua defesa, Luís Castro (expulso no segundo tempo) poderá alegar o importante erro do árbitro no penálti do primeiro golo (não há falta e é precedido de fora-de-jogo). Tudo bem, de acordo. E depois, o que fez o FC Porto para merecer atenuantes?

O segundo golo é uma má reposição de Fabiano, o terceiro é um equívoco coletivo a defender um lance de bola parada, o quarto é o sopro da morte num corpo que já deixava de palpitar. Não, a alegação sobre a arbitragem não convence. É, pelo menos, insuficiente.

Acabamos como começámos: anedótico, impotente e vazio, o FC Porto não merecia mais.