O FC Porto ultrapassou o primeiro obstáculo. O Dragão teve de ser acordado, é certo, mas respondeu em tempo útil e garantiu o triunfo em Vila do Conde, frente a um interessante Rio Ave (1-3). Atingiu o objetivo sem nomes como Brahimi e Aboubakar na ficha de jogo - e Layún no banco. Um cenário que garante capital de confiança perante as opções de Nuno Espírito Santo.

A formação portista justificou o triunfo pelo que conseguiu fazer na etapa complementar, acabando por gerir esforços na reta final face à proximidade da receção à AS Roma, decisiva do ponto de vista desportivo e financeiro.

Rio Ave-FC Porto, 1-3 (destaques)

O sucessor de José Peseiro participou na habitual cerimónia de início de época, pegou na espada e despertou o Dragão para a tradicional dança. Foi um gesto simbólico, de olhos postos no futuro, mas a sonolência não desapareceu por completo.

O FC Porto precisou de um novo despertador, já em competição, e ele chegou em forma de balde de água fria. Para lá de meia-hora de jogo embrulhado em Vila do Conde, sem superioridade frente a um Rio Ave europeu, Marcelo decidiu acordar o Dragão com um cabeceamento que fez recordar pesadelos recentes.

Vejamos. Felipe estava a marcar Marcelo com os olhos, enquanto Héldon se preparava para bater o canto. Alex Telles percebeu que o adversário ia fugir e procurou tapar o caminho, em vão. André Silva estava ao primeiro poste, saltou mas baixou a cabeça, não se sabe porquê. Casillas saltou no vazio. Marcelo, à frente de Felipe, colocou o Rio Ave em vantagem.

Era um prémio para a audácia de um Rio Ave que já tinha provocado alguns embaraços ao último reduto azul e branco. Porém, o empate justificava-se nessa altura e o FC Porto levantou-se de pronto, anulado a desvantagem ainda antes do intervalo. Determinante.

Alex Telles cruzou na esquerda e Nadjack desviou. André Silva tocou de cabeça na área e Roderick fez o mesmo. De repente, surge um vencedor claro nos duelos. Pedrinho ficou a ver Jesús Corona, que rodou sobre o adversário e rematou de primeira com o pé direito.

Corona entusiasmou-se e ameaçou o segundo pouco depois, com um ensaio ao poste. Nada feito. A igualdade fazia sentido ao fim dos primeiros quarenta e cinco minutos.

Em duelo sem grandes espaços de parte a parte, seria o talento individual a ditar leis. O Rio Ave regressou do intervalo com idêntica postura mas sofreu um rombo pesado. Ao minuto 52, Héctor Herrera libertou-se das amarras – jogou na linha de Danilo Pereira, demasiado recuado – e encheu o pé para o golo da noite. Um momento fantástico.

O Dragão operou a reviravolta e sentiu-se confortável na nova pele. Nuno Capucho quis mudar o cenário, trocou Pedro Moreira pelo gigante Ronan, garantindo finalmente uma presença forte na área, mas à hora de jogo tudo ficaria decisivo.

Num contra-ataque rápido, Alex Telles viu a desmarcação de Otávio pela esquerda e bombeou para o companheiro de equipa. Marcelo sentiu que ia perder o duelo e usou o braço para travar o adversário. Penálti, naturalmente. O cartão vermelho parece castigo pesado - face à posição lateralizada do jogador portista - mas Fábio Veríssimo não hesitou. À segunda, André Silva deu vantagem confortável ao FC Porto.

Héldon, o melhor do Rio Ave nesta 1ª jornada da Liga, ainda expulsou Alex Telles (esteve nos dois amarelos do lateral) e cruzou com grande perigo para pequena área dos dragões, na melhor oportunidade local, mas Tarantini chegou atrasado. A equipa de Vila do Conde, acusando desgaste pela dupla jornada europeia, já não conseguiu recuperar.