A FIGURA:

Charles

Se o Marítimo segurou o lugar na Europa bem pode agradecer ao seu guarda-redes. Quando o eixo da defesa madeirense falhou a marcação (e falhou bastantes vezes, sobretudo na primeira parte), apareceu o último reduto. Charles salvou na primeira parte golos cantados, como num cabeceamento de Phellype (aos 9’) e num remate no coração da área de Ricardo Valente (37’). Teve mais um par de boas defesas ao longo do jogo. Não fosse a portentosa exibição do seu guardião e provavelmente esta tarde o Marítimo perderia o jogo e a vaga nas competições europeias. Este mineiro de Belo Horizonte agarrou a titularidade na última jornada da primeira volta para não mais a largar. Aos 23 anos, pode vir a ser um caso sério nas balizas nacionais.

O MOMENTO: Minuto 62’. Um ferro salvador

Depois de uma primeira parte dominada pelo Paços, no início da segunda o Marítimo tentou reequilibrar os acontecimentos e controlar o meio-campo. Parecia que estava a conseguir os seus intentos até que, aos 62’, praticamente os esforços dos insulares quase desabavam numa jogada simples que começou na esquerda. Miguel Vieira subiu pelo seu flanco e cruzou para a área, onde estava Ivo Rodrigues, que num toque de classe quase inaugurava o marcador. A subtileza fez a bola embater no poste… Um ferro salvador, tal como havia sido Charles noutras ocasiões. Daí em diante, o Paços baixou de rendimento e o Marítimo teve tempo e espaço para respirar de alívio e de ganhar fôlego para, no final, fazer a festa pela conquista de um lugar europeu.

OUTROS DESTAQUES:

Ivo Rodrigues

O mais esclarecido pacense. Aliás, o melhor jogador de campo na partida. Pela esquerda, sobretudo, mas também ao meio, o extremo cedido pelo FC Porto tornou-se no maior problema para a defensiva maritimista. Aos 17 minutos, avisou, com uma arrancada de encher o olho, deixando dois adversários para trás, até rematar à entrada da área; em cima do intervalo, encheu o pé para fazer a bola rasar o poste e já no segundo tempo atirou mesmo ao ferro, aos 62’, na sua melhor oportunidade no jogo. Perdeu fôlego com o avançar do relógio, vítima do calor intenso que se fez sentir em Paços de Ferreira. Ainda assim, grande exibição.

Ricardo Valente

Pelo flanco direito, sobretudo, mas também em algumas incursões na área, o avançado pacense foi outro dos quebra-cabeças para a defesa do Marítimo. Foi no entanto infeliz a finalizar: aos 23’ apareceu solto a desviar de cabeça, mas a bola saiu pela linha de fundo. Aos 37’, rematou de primeira, na cara de Charles, permitindo a defesa do guarda-redes do Marítimo, naquele que foi um dos lances capitais do jogo.

Djoussé

A capacidade física faz dele uma referência no ataque madeirense e, na verdade, mesmo numa tarde muito pouco produtiva em termos ofensivos coube ao camaronês o papel de maior foco de instabilidade para a defesa adversária. Logo aos 10’ pôs Mário Felgueiras em sentido com um forte remate de fora da área. Saiu aos 64’, esgotado, para dar lugar ao mais fresco Keita.